OS MUITOS LADOS DA OPOSIÇÃO

Por Ricardo Callado – O governador Agnelo Queiroz inicia 2013 com a cabeça em 2014. A contar de janeiro, irá faltar apenas cerca de um ano e meio para a campanha eleitoral de fato. Mas as articulações iniciam já no segundo semestre deste ano.
Agnelo tem uma base ampla. Perdeu alguns partidos, mas continua com fôlego. A missão é segurar quem ficou e agregar mais alguns. A da oposição é se organizar e consolidar candidaturas. Não será Agnelo contra aquele. A oposição tem vários lados, tendências e ideologias. E não se mistura.
A saída de legendas da base aliada como o PDT e PSB é irreversível. E era previsível. Os senadores Rodrigo Rollemberg (PSB) e Cristovam Buarque (PDT) representam um dos blocos de oposição. Junta-se a ele o deputado federal José Antônio Reguffe (PDT).
Cada um deles abandonou Agnelo por um motivo particular. Rodrigo sonha em ser governador. Já foi candidato um vez e pretende disputar em 2014. Cristovam tem insatisfações com o Buriti, principalmente na condução da área de educação. Reguffe optou por se manter independente.
O trio articula uma aliança com o Toninho do Psol, terceiro colocado nas eleições de 2010. A questão é que o Psol pretende lançar candidatos em todos os estados. A tática deu certo nos anos éticos do PT. O partido se posicionou e cresceu.
O PDT também bate o pé para apoiar Rodrigo. Acha que tanto Cristovam, quanto Reguffe são bons nomes para bater de frente com Agnelo. O senador socialista vai ter que buscar alianças, também, em outros lados da oposição.
No PSDB, o deputado federal Izalci Lucas e o suplente de deputado distrital Raimundo Ribeiro são nomes lembrados. No DEM, o ex-deputado Alberto Fraga está sozinho. Não descarta se lançar ao Buriti, mas precisa de alianças.
O PSD, como declarou seu criador, o ex-prefeito paulistano Gilberto Kassab, não é direita, nem esquerda, nem de centro. Nem seus integrantes sabem bem o que é. No DF, é governo e oposição ao mesmo tempo.
Mesmo assim, o PSD tem candidato ao Buriti. Pelo menos dois, ou melhor duas. As deputadas Eliana Pedrosa e Liliane Roriz. Se optar por apoiar Agnelo em 2014, pode ficar sem as parlamentares. A debandada pode levar ainda a deputada Celina Leão a outra legenda.
Eliana sonha em organizar o velho grupo que governou o DF nas últimas duas décadas. Quer unir os ex-governadores Joaquim Roriz, José Roberto Arruda e Paulo Octávio. Missão complicada. Eliana mira ainda os insatisfeitos com o governo Agnelo. A ideia é formar um grande grupo de oposição, mas esbarra nas diferenças.
Ainda na base aliada, fala-se nos nomes do vice-governador Tadeu Filippelli (PMDB) e do senador Gim Argello (PTB). O primeiro não pretende dissolver a aliança vitoriosa em 2010. Mas teme que um insucesso de Agnelo em 2014, o arraste ao ostracismo político. Se isso acontecer, pode pular fora do barco.
Gim Argello quer mesmo é continuar no Senado. Fará uma campanha pesada para garantir mais oito anos de mandato. Precisa de uma chapa majoritária forte. Agnelo garantiu espaço na dele. Mesmo assim, Argello deve conversar com outros grupos. Vai buscar a melhor oportunidade.
Dos três ex-governadores, apenas Paulo Octávio deve retornar. Mantém bons laços com políticos e o setor empresarial. Também não saiu chamuscado da operação Caixa de Pandora. Não deve ser candidato ao GDF, mas seu apoio vale muito.
Roriz e Arruda precisam resolver problemas na justiça. A situação de Roriz é mais fácil. Ele já fez a consulta para sair do enquadramento da Lei Ficha Limpa. Outra opção é apoiar a filha, Liliane, que por sua vez é o sonho de Rodrigo ter como vice.
Arruda não tem condenação na Caixa de Pandora, mas uma candidatura poderia fazer o processo andar. Tem muito voto. E, por causa disso, muitos inimigos políticos que poderiam dar um empurrão na justiça.
Outros personagens podem influir em 2014. Um deles é o ex-senador Luiz Estevão. Ele não será candidato a nada. Busca um candidato para apoia-lo. Dispõe de recursos para alavancar uma chapa. Qualquer uma, menos do PT. Se sente perseguido pelo partido.
A novidade é a ex-senadora Marina Silva. Ele trabalha para lançar um novo partido. Em 2010 foi candidata a presidente da República e venceu, no DF, Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB). A especulação da vez é que ela vai disputar o Buriti. Pode atrair gente do PT e do PDT ao projeto.
A oposição não consegue e não vai se entender. Esse é o cenário que Agnelo deve trabalhar em 2013. É um jogo de xadrez onde qualquer peão faz a diferença. E vence quem tiver mais habilidade.

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