PMDF – Terra Arrasada


Com muitos anos de PMDF posso falar com alguma tranquilidade que nossa tropa nunca passou por uma situação como essa em que se encontra hoje. Creio que desmotivação seja uma palavra fraca para representar o que digo.

Há pouco tempo me recordo do orgulho que tinha de minha profissão, de não poucas vezes falar “tenho sangue cinza” (em alusão ao nosso antigo fardamento), de entrar em discussões acaloradas defendendo a família policial militar.

Para nossos comandantes era um “céu de brigadeiro” comandar policiais, já que a grande maioria dos policiais amava o que fazia independente de tudo, inclusive salários, mas eles juntamente com esse governo atual conseguiram o inimaginável, conseguiram através de sucessivas ações e omissões nos tornar servidores públicos. Hoje, para muitos o que interessa é cumprir o horário, lutar por um salário, e para os que ainda tem algum tempo a puxar na CASERNA estudar para passar em outro concurso.

Uma ação após a outra de nossos superiores foi destruindo o amor pela caça aos marginais que muitos tinham. O descaso pelos subordinados, pensando somente em suas promoções, viagens e comandos. Nossos comandantes não se manifestaram quando estes postos policiais que hoje servem para policiais lerem um jornal, estudarem com afinco por horas e horas para saírem da policia foram empurrados goela abaixo.

Este não é um texto político-partidário, não faz apologia a este ou aquele movimento, é sim um desabafo, onde tento expressar através de palavras como muitos policiais estão se sentindo, estamos em uma Terra Arrasada após a guerra, sem rumo, sem pernas, onde a quietude do campo de batalha começa a contaminar até os mais valentes combatentes.

Diferente do ciclo natural, onde os guerreiros mais jovens cheios de vitalidade, renovam o ambiente, cheios de gás e vitalidade, empolgando os mais antigos, temos hoje uma fuga sem precedentes do que seriam novos combatentes para outros concursos.

Mas nem tudo está perdido, todos podemos nos reerguer, voltar a sentir o furor e a paixão pela profissão que abraçamos, desde que sejamos tratados de forma igualitária e profissional, e que nossos gestores tirem seus reis da barriga e percebam que sem a base o topo da pirâmide não é nada.

Fonte: http://www.casernapapamike.com.br/?p=3637

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