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por Do Cafezinho
Gabriela Guedes Do UOL, em Brasília
Noroeste, bairro nobre de Brasília, sofre com falta de infraestrutura
De acordo com informações da
Terracap (Companhia Imobiliária de Brasília), até 2012, 129 imóveis já haviam
sido comprados pelas construtoras, somando um valor de quase R$ 1,730 bilhão. No
total, o Noroeste terá 20 quadras residenciais com 220 prédios e 24 quadras
comerciais. A estimativa é 40 mil pessoas residam no local Roberto
Jayme/UOL
Em vez de ruas asfaltadas,
muita lama. O lixo passa dias sem ser recolhido. A iluminação pública à noite
não funciona. O transporte público não chega, assim como as correspondências.
A descrição, que poderia se
aplicar a um bairro de periferia das grandes metrópoles brasileiras, refere-se
ao novo bairro nobre de Brasília, o Noroeste, inaugurado no final de 2012 em
meio a um rol problemas urbanos.
A falta de estrutura, no
entanto, não impediu que o bairro fosse um dos mais valorizados da capital – e
até do país. Segundo a imobiliária Lopes Royal, que lançou 41 empreendimentos
no novo setor, o preço médio do metro quadrado no Noroeste é de R$ 11.160.
O valor equivale ao preço do
metro quadrado do bairro mais
caro de São Paulo, a região do Ibirapuera/Vila Nova Conceição, que,
em dezembro, liderou o ranking dos bairros mais valorizados, com R$ 11.284 por
metro quadrado, segundo o índice Fipe/Zap, elaborado pela Fipe (Fundação
Instituto de Pesquisa Econômica) e pela Zap Imóveis. O valor é também superior
ao tradicional bairro paulistano dos Jardins, onde o metro quadrado sai por R$
9.814.
No entanto, nas unidades de
alto padrão do Noroeste, com metragem acima de 250 metros quadrados, o valor
sobe para R$ 13.300 por metro quadrado. Ainda de acordo com a imobiliária Lopes
Royal, as unidades pertencentes ao segmento alto padrão apresentam 76% das
unidades vendidas.
O valor só não é superior ao
metro quadrado dos bairros mais valorizados do Rio de
Janeiro, onde a região mais cara, o Leblon, chega a custa R$ 18.332 por metro
quadrado, o mais caro do Brasil. A média da metragem em Brasília é
de R$ contra R$ 7.859, ainda segundo o índice Fipe/Zap.
De acordo com informações da
Terracap (Companhia Imobiliária de Brasília, estatal que administra as terras
públicas do Distrito Federal ), até 2012, 129 imóveis já haviam sido comprados
pelas construtoras, somando um valor de quase R$ 1,730 bilhão. No total, o
Noroeste terá 20 quadras residenciais com 220 prédios e 24 quadras comerciais.
A estimativa é 40 mil pessoas residam no local.
Bairro
verde
Idealizado como “bairro
verde” na proposta original, o Noroeste deveria ser um modelo sustentável. A
lista de itens da “gestão ambiental” é grande e inclui a obrigação do uso de
sistemas de aquecimento solar, a reutilização de água, o uso de materiais
reciclados e estacionamentos com pavimentação permeável.
No projeto também constam
três espaços verdes: a Aire (Área de Relevante Interesse Ecológico) do Bananal,
de aproximadamente 100 hectares; e a Arie Cruls de 55 hectares (a mesma que
está protegida pela sentença cautelar); e o parque Burle Marx, de 280 hectares.
No entanto, o parque conta com apenas 4% da obra executada, tendo até o momento
um valor gasto de mais R$ 1,341 milhão.
A principal reclamação
relacionada ao bairro que pretende ser “o mais moderno do país” se refere,
contudo, à infraestrutura disponível. Os moradores da quadra 110 já têm a carta
de Habite-se (que autoriza a utilização efetiva das edificações) e outras seis
quadras aguardam a Licença de Operação do Ibram para receber o documento. Porém,
o Noroeste ainda não dispõe de serviços básicos como iluminação pública (à
noite há segurança particular devido à falta de luz) e tem sofrido com a lama
ocasionada pela falta de calçamento e pelas chuvas, frequentes nessa época do
ano. Além disso, falta sinalização para diferenciar os endereços.
A Terracap afirma que os
prédios podem ser entregues mesmo antes da conclusão total das obras de
infraestrutura, pois as vias nas áreas ocupadas inicialmente estarão
pavimentadas e os imóveis serão atendidos com energia elétrica (particular,
disponibilizada pela Companhia Energética de Brasília), água e esgotamento
sanitário.
Pioneiros
do Noroeste
Mesmo com esse cenário pouco
animador, o Noroeste já tem seus primeiros moradores. O único edifício habitado
até agora está localizado na quadra 110 e tem cinco apartamentos ocupados.
“Aqui o mais barato custa R$ 1,4 milhão, mas os preços variam com número de
quartos e o andar”, afirma Francisco Xavier, porteiro do edifício que mora em
um bairro a mais de 25 quilômetros do trabalho e lembra que ainda não há transporte
público para o local.
Morador do Noroeste desde o
final de dezembro, Edeval Rodrigues da Matta diz não se incomodar com a
infraestrutura precária nestes primeiros meses. Em meio às obras de reforma que
também ocupam seu apartamento, o servidor público afirma acreditar no potencial
bairro. Só reclama que o serviço que, apesar de já ter um CEP (código de
endereçamento postal), não consegue comprar nada pela internet: “As empresas
ainda não atualizaram essa informação”, conta.
Outra servidora pública,
Mariana Dantas, também tem uma visão otimista: “Acho que a estrutura é
precária, mas é compreensível. Todo bairro novo é um canteiro de obras que vai
se acertando aos poucos. O que atrasa tudo é a burocracia. Trabalho setor
público e sei que às vezes tudo caminha dentro do prazo, mas se algo falha em
algum momento, muitas vezes o processo deve ser iniciado de novo”, argumenta.
Como a maioria, Mariana ainda aguarda pela entrega do apartamento.
Diferentemente dos
“vizinhos”, um outro comprador, que está se preparando para mudar e não quis se
identificar, discorda: “O governo está cometendo exatamente os mesmos equívocos
de antes. É um absurdo liberar o Habite-se, mas não ter iluminação pública,
isso prejudicou inclusive o andamento das obras”, critica. Para ele o GDF
prometeu muita coisa que não será capaz de cumprir nem agora, nem depois.
Morador da Asa Norte, ele afirma ainda que só está se mudando nessas condições
porque não tem outra opção.
De acordo com informações da
Terracap, toda a infraestrutura básica, exigida pela lei 6.766/79 (que
regulamenta o parcelamento do solo urbano) está em execução e a prioridade é a
execução das obras de infraestrutura nas quadras com imóveis vendidos e onde as
empresas já estejam construindo. Esta norma abrange as redes de abastecimento
de água, esgotamento sanitário, drenagem pluvial, energia elétrica, iluminação
pública e pavimentação asfáltica.
Até o momento, foram
executados 70% da rede de drenagem pluvial e da pavimentação asfáltica. As
redes de energia elétrica, abastecimento de água e esgotamento sanitário estão
em fase inicial de implantação, porém existem redes provisórias para
atendimento às primeiras unidades. O prazo previsto para conclusão das obras de
infraestrutura na primeira etapa é dezembro de 2013 e na segunda em dezembro de
2014.
Outro problema enfrentado
pelos moradores é a ausência de comércio – ainda não há nenhuma quadra
comercial funcionando. A previsão é de que a primeira seja inaugurada em dois
meses. Os operários da construção civil que trabalham na região são obrigados a
recorrer a vendedores ambulantes para almoçar ou fazer um lanche.
Fonte:
UOL
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