"Agnelo tem tudo para
se reeleger. A Câmara tem ajudado. Agora depende dele", enfatizou, nesta
sexta-feira 1º, o deputado distrital Patrício (PT). Em entrevista ao Brasília
247, o parlamentar falou dos desafios que Agnelo Queiroz terá para garantir a
reeleição. ...
Mesmo fora da presidência da
Câmara Legislativa, o parlamentar mantém o discurso incisivo e faz críticas:
"o governo não tem articulação política", destacou, ao lembrar que os
problemas envolvem outras cinco secretarias, entre elas a de Governo, além de
duas administrações regionais. Para ele, o "governo precisa trocar essas
pessoas", que ainda "não mostraram resultados" à população.
O distrital falou ainda
sobre sua chegada à Corregedoria a partir de uma eleição por unanimidade essa
semana, e como vai ser a investigação contra Raad Massouh (PPL). Além das suas
pretensões para 2014.
A Câmara Legislativa sofreu
sem corregedor por sete meses justamente pela falta de candidatos. Por que é
tão difícil para os parlamentares investigar os colegas?
A dificuldade é que você vai julgar seus próprios pares e vai enfrentar pressões da imprensa, de grupos políticos e até de grupos empresariais. Depois que saí da presidência vi que nenhum parlamentar ia colocar o nome para o cargo e eu fui lá e coloquei. Meu compromisso é com a sociedade.
A dificuldade é que você vai julgar seus próprios pares e vai enfrentar pressões da imprensa, de grupos políticos e até de grupos empresariais. Depois que saí da presidência vi que nenhum parlamentar ia colocar o nome para o cargo e eu fui lá e coloquei. Meu compromisso é com a sociedade.
Como
vai ser sua gestão à frente da Corregedoria?
Eu não vou ceder a pressões. Vou julgar com a consciência tranquila, com isenção e transparência. Não vou ceder, mas vou ser justo. Algumas notícias tem me colocado em suspeição, mas não vou me curvar. Vou manter minha parceria como o Ministério Público do DF e com o Tribunal de Justiça do DF. Quero tomar ciência de todos os casos que estão na Corregedoria.
Sua
chegada na Corregedoria era aguarda justamente para dar uma resposta sobre as
suspeitas contra o deputado Raad Massouh, acusado de desviar dinheiro público
por meio de emendas parlamentares. [Relembre o caso]. Como vai funcionar essa
apuração? Já existem prazos?
Eu vou buscar informações
junto à Polícia Civil e ao Ministério Público para tomar ciência do fato. Vou
nomear ainda o delegado aposentado Arnaldo Siqueira Lima, que já trabalhou
comigo quando eu estava na presidência. Ele era procurador. Depois de tudo
isso, vou notificar o deputado para apresentar defesa. Não sei quando isso vai
acontecer, não quero trabalhar com prazos. Mas acredito que, com certeza, vai
ser antes do fim do mês de junho.
O
caso do deputado Benedito Domingo (PP), que teve seu processo praticamente
arquivado pelo Conselho de Ética, com a justificativa de que era preciso
aguardar uma posição da justiça. É possível o senhor como corregedor, fazer
algum pedido para que o processo ande?
Eu como corregedor não posso
fazer mais nada. O antigo corregedor [Welligton Luiz- PPL] já elaborou o
relatório e enviou para o Conselho de Ética, que decidiu na época não se
pronunciar antes de uma decisão final da justiça. Mas o processo na justiça não
impede o julgamento político. As duas situações são independentes. Já pensou se
fôssemos esperar a decisão da justiça nos casos do ex-governador Arruda, dos
senadores Luiz Estevão, Demóstenes Torres, e do ex-deputado Roberto Jefferson?
A nova composição do Conselho de Ética pode rever o caso. A sociedade tem que
cobrar.
A
sua ida para o Executivo chegou a ser ventilada no fim do ano passado, quando o
senhor saiu da presidência da Câmara Legislativa. Houve algum convite formal do
governador?
Nunca dei declaração alguma
de que iria para o executivo. Não recebi convites do governador. Minha
pretensão é ficar na Câmara para fiscalizar os atos do governo, o andamento de
projetos nas secretarias.
Como
a Câmara Legislativa está trabalhando, em especial a bancada do PT, para
garantir a reeleição de Agnelo Queiroz em 2014?
A Câmara tem feito o papel
dela. Aprovamos vários projetos de interesse da população, quase todos enviados
pelo executivo. Aprovamos o Plano Diretor de Ordenamento Territorial (PDOT), o
Plano Diretor de Transporte Urbano (PDTU), a gestão democrática nas escolas.
Garantimos um governo eficiente para decolar em 2014. Agora depende do
comandante do avião.
Quais
os desafios do governador nesses dois anos que antecedem as eleições de 2014?
Agnelo tem tudo para se
reeleger, e inclusive manter a aliança com o PMDB. Mesmo a saída de partidos da
base [PDT, PPS, PSB] não vai atrapalhar o projeto político do PT. Agora depende
do governador. É preciso fazer reformulações, tem muitas secretarias e
administrações que ainda não mostraram a que vieram. Só vou citar algumas. As
Secretarias de Ciência e Tecnologia, a de Trabalho, a de Desenvolvimento
Econômico, de Esportes e também a de Desenvolvimento Social, que é cota do PT,
mas ainda não mostrou a que veio.
Na
opinião do senhor o governador tem tido dificuldades de gestão? Tem conseguido
se sair bem na articulação política?
Não existe articulação
política no governo do PT. É zero. É preciso criar. O governador sabe o que
precisa ser mudado, inclusive na própria Secretaria de Governo. É preciso
articular 24 horas por dia. Conversar com os deputados, conversar entre si. Acredito
que ele vai fazer essas mudanças.
E
suas pretensões para 2014?
Meu projeto para 2014 é ser
candidato a deputado federal. E pelo PT. Não penso em sair do partido,
diferente do que alguns tem dito por aí. Minha relação dentro do PT é
tranquila. Temos divergências, mas a relação, diferente do que acontece em
outros partidos, é de tranqüilidade.
Por
Juliane Sacerdote
Fonte:
Brasília 247 - 02/03/2013
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