Opinião - Agnelo 2014, Cristovam 1998


Num governo ou em uma campanha política, a falta de comunicação é o caminho direto para a derrota. Alguns candidatos pensam que é só ter os recursos monetários em mãos que a vitória está garantida. Ledo engano!

A comunicação é fundamental. E é preciso que atinja todos os públicos. Olhar com os olhos de todos, escutar com os ouvidos de todos e sentir com os sentimentos de todos. Não se ganha eleição falando apenas por um canal, um meio.

O eleitor vê o governo igual a um produto. E, é claro, para comprar esse produto ele compara, analisa e após verificar os seus pontos fortes e fracos, escolhe aquele que irá governa-lo. Se ele, o eleitor, ouvir falar pouco, ou falar negativamente, ele não vai reeleger esse ou aquele governo.

Em 1998, o governo Cristovam Buarque era bem avaliado pela população. Não se ouvia falar mal dele, já que se falava muito pouco. Ele acreditava que não precisava divulgar suas ações por todos os meios. Achou que apenas um meio de comunicação era o suficiente para lhe dar mais quatro anos de governo.

O desprezo pelo restante mídia e a falta de jeito para falar com a massa o levaram a derrota. Cristovam tomou um susto quando as urnas foram abertas. O seu adversário, ex-governador Joaquim Roriz, foi eleito por estreita margem de votos.

Cristovam falhou na comunicação. Não soube fazer o seu discurso chegar a população, principalmente as classes mais baixas. A opção feita por um único meio de comunicação foi o caminho para o fracasso. Não se faz campanha falando apenas para um segmento.

O Distrito Federal, como em qualquer outro lugar do País, tem públicos bem distintos. Não se pode privilegiar A, B ou C. Não se pode discursar para apenas uma classe social. Uma categoria. O governo tem que ser de todos. E para todos.

O governador Agnelo Queiroz não pode incorrer no mesmo erro de 16 anos atrás. Do contrário, corre o risco de ser o segundo governador do Distrito Federal a não conseguir a reeleição. A coincidência: ambos são do PT.

A comunicação não é feita apenas por discursos ou órgãos oficiais. A mídia tradicional – jornais, rádios e tevês -, mais a eletrônica – portais e blogs -, não podem ser desprezados. Cada um tem seu valor. E sua importância. O governo não pode apostar que estará bem se tiver apenas um veículo ao seu lado.

A imprensa não elege ninguém. E quando se aposta em apenas um veículo, pior ainda. Um jornal não constrói uma candidatura do dia para a noite. Pelo contrário, se tiver acesso a denúncias documentadas, é fundamental para derrubar a popularidade de um candidato.

Os perfis de Cristovam e Agnelo são diferentes. Cada uma tem o seu jeito de governar. A falta de valorização da comunicação ampla e irrestrita os aproxima. O que difere é a situação do atual governador na aprovação de sua administração e a sua popularidade. E comunicação não é festa.

Fonte: Blog do Callado - 13/04/2013

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