O
plenário do Congresso Nacional: os parlamentares decentes dos diferentes
partidos precisam barrar a aberração imoral que se quer aprovar contra os
direitos dos cidadãos (Foto: Agência Câmara)
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É uma barbaridade!
A Comissão de Justiça da Câmara dos Deputados — justamente a comissão de
JUSTIÇA — aprovou hoje um projeto de emenda à Constituição que, se levado
adiante, representará nada menos do que um golpe de Estado.
Contrariando uma multissecular tradição profundamente enraizada no
Ocidente, contrariando o espírito da Constituição, contrariando o bom senso e
as regras elementares da democracia, a emenda à Constituição pretende
submeter ao Congresso decisões da Justiça que declare leis como
inconstitucionais.
Isso ocorrerá – se essa loucura prosperar – sempre que o
Supremo Tribunal Federal julgar procedentes as chamadas Ações Diretas de
Inconstitucionalidade (Adin) propostas por vários órgãos legalmente autorizados
a isso (veja quais na lei que regula as Adins, parágrafo 2º).
Ou seja, deputados e senadores serão quem decidirão, em última
instância, se vale ou não vale o que eles próprios aprovaram.
Nesses casos, serão os juízes de si mesmos — em detrimento
dos direitos e garantias individuais dos cidadãos, cuja garantia é a Justiça.
O Legislativo, sempre controlado, como os demais Poderes, pelo
Judiciário nas nações civilizadas e decentes, será seu próprio controlador em
determinados casos — e se colocará acima do Poder Judiciário.
É um escândalo, é uma imoralidade.
Se aprovada a emenda, haverá exceções, e exceções gravíssimas, ao
princípio constitucional de que todo ato praticado por agente público — e não
apenas esses, mas todo ato que gere consequências jurídicas — tem a GARANTIA de
ser ou não, em última análise, referendado pelo Judiciário.
É o Judiciário, nos países civilizados, o supremo guardião das garantias
constitucionais, que compreendem todos os direitos e garantias individuais — o
direito de ir e vir, o direito à livre manifestação, o direito à livre
expressão do pensamento, o direito de associação… Todos os fundamentos de
uma sociedade livre e civilizada.
É o Judiciário, nos países civilizados, pelo menos desde os primórdios
da República fundada nos Estados Unidos no século XVII, quem exerce o controle
da constitucionalidade das leis.
Em certos países, como os próprios Estados Unidos, o papel cabe à
Suprema Corte. Outras nações democráticas e civilizadas, como a Alemanha ou a
Espanha, mantêm um Tribunal Constitucional específico, ao lado de uma Corte
Suprema, que determina se leis aprovadas pelo Legislativo estão ou não de
acordo com a Carta de Garantias, a Constituição.
O autor da emenda autoritária e
imoral é o desconhecido deputado Nazareno Fontenele (PT-PI) (Foto: Beto
Oliveira / Agência Câmara)
De todo modo, esse papel nobre cabe sempre ao Judiciário, um dos Poderes
independentes do Estado.
A
emenda propõe mais barbaridades, entre as quais:
* Sobe para quatro quintos o quórum para o Supremo declarar uma lei
inconstitucional.
* Proíbe que ministros do Supremo concedam liminares em mandado de
segurança para suspender — até o julgamento final pela Corte — a eficácia de emendas
constitucionais.
* Determina que as súmulas de jurisprudência vinculantes (mecanismo
editado pelo STF que deve ser seguido por todas as instâncias do Judiciário,
com base em decisões repetidamente adotadas pela corte — mecanismo destinado a
agilizar a Justiça)) também serão submetidas ao crivo do Congresso antes de
entrar em vigor.
Como ocorre com muitos dos trabalhos “sujos” no Congresso, a emenda foi
originalmente apresentada por um deputado medíocre, obscuro, de quem ninguém
nunca ouviu falar — um certo Nazareno Fonteles, do Piauí (e do PT, é claro!).
Ele alcançará, agora, seus 15 minutos de fama, exercendo esse triste papel.
Como a base parlamentar aliada ao governo Dilma está apoiando essa
monstruosidade, parece, mesmo, ser a retaliação contra o Supremo prometida pelo
ex-presidente da Câmara Marco Maia (PT-RS).
Querem
castrar o Supremo!
Querem
amordaçar a Justiça!
Querem se vingar pelo fato de a corte ter cumprido a Constituição e as
leis e enviado os mensaleiros para a cadeia.
Já dominam o Legislativo com os métodos que todos conhecemos. Agora,
querem que esse Legislativo, que controlem, dominem também o Judiciário.
A
democracia estará ameaçada com esse golpe de Estado branco se ele seguir
adiante no Congresso.
Os homens de bem da Câmara e do Senado, de todos os partidos — e, não
tenham dúvida, eles existem — estão com a obrigação cívica de se oporem a esse ato ditatorial.
Tags: Adins, amordaçar a Justiça, ato ditatorial, Câmara dos Deputados, castrar o Supremo, Comissão de Justiça, constitucionalidade, direitos e garantias individuais, ditadura, garantias constitucionais, Poderes do Estado, sociedades livres e civilizadas, Supremo Tribunal Federal
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