Nem pressão da Fifa, do
Ministério do Esporte, de Carlinhos Brown, o inventor do instrumento e da
The Marketing Store, importante multinacional norte-americana. Está
travado um negócio de R$ 3 bilhões. A Polícia Militar da Bahia baniu a caxirola,
o instrumento que deveria ser a ‘vovuzela brasileira’.
O comando do Batalhão
Especializado de Policiamento em Eventos teve peito e não só nas finais do
Campeonato Baiano. Mas em todos os jogos do Brasileiro, Copa do Brasil…
o torneio que o BEPE for responsável pela segurança. Bastou o teste
no dia 28 de abril. Jogavam Bahia e Vitória, 50 mil caxirolas foram
distribuídas na entrada do estádio. A própria presidente Dilma Rousseff
foi garota propaganda da novidade. Mal ela poderia imaginar o que
aconteceria no jogo. Os chocalhos de plástico não ficaram mais do que 45
minutos nas mãos dos torcedores. Com o Vitória vencendo fácil, fãs do
Bahia se revoltaram e a nova Fonte Nova viu a primeira chuva de caxirolas
da história. Foi deprimente. Centenas delas caíram nos gramados. A
cena foi constrangedora, ridícula.
Não adiantou
lobby da Federação Baiana. Os jogadores tendo de recolher os instrumentos
e jogá-los no lixo.Um vexame.A Bahia foi escolhida para o primeiro teste com o
instrumento.Se apostava na suposta docilidade do povo baiano.Os defensores da
caxirola erraram redondamente. Policiais afirmam que tudo poderia ser
ainda pior já neste domingo, com os torcedores enchendo as caxirolas de pedaços
de ferro. Seriam armas que poderiam ferir os rivais ou até jogadores. A PM não
teria condições de ficar chacoalhando cada caxirola antes do jogo, buscando
verificar se estava cheia de plástico ou ferro. Só as de plástico, para os
soldados, já se mostraram impróprias para estádios. E ela foi banida das
finais. A Federação Baiana não teve o que fazer. A não ser se dobrar diante da
postura dos policiais. Se a entrada da caxirola fosse obrigatória, a PM não
cuidaria da segurança. Seria um caos as finais do Baiano entre Bahia e Vitória.
A postura
dos policiais é um duro golpe em um negócio bilionário. A The Marketing Store
tem exclusividade na produção da caxirola. Já tem tudo amarrado para produzir
cem milhões de unidades até a Copa ao preço de R$ 30,00. A empresa que cuida
das embalagens das lanchonetes Mc Donald’s não brinca. O negócio envolve R$ 3
bilhões.O ministro Aldo Rebelo deu todo o apoio ao projeto.
A
ridícula chuva de caxirolas e o banimento da PM baiana pouco importam. No
torneio marcado para o próximo mês, elas estarão liberadas. Policiais de
Salvador, Brasília, Belo Horizonte, Rio, Fortaleza e Recife já sabem, não
poderão barrar o instrumento. A organização do torneio é da Fifa. E a entidade
tem suas normas. Como a caxirola é produto oficial do Mundial, será permitida
sua entrada. Diante do que aconteceu em Salvador, haverá uma campanha de
conscientização. Com a ameaça escancarada, quem jogar o instrumento no gramado
será retirado do jogo. Na teoria é tudo perfeito, mas se os torcedores
resolverem atirar a caxirola depois da partida após uma suposta derrota
brasileira? Como aconteceu em 2000, na magra vitória sobre a Colômbia por 1 a
0. O fraco Brasil de Leão viu um triste protesto no Morumbi. O jornal Lance!
havia distribuído milhares de bandeiras do Brasil de plástico. O público
paulista as jogou no gramado após o jogo. Mas Aldo Rebelo, Carlinhos Brown e a
The Marketing Store não vão recuar. Há o contrato assinado com a Fifa, e querem
as caxirolas nos estádios por sua conta e risco. Mas em Salvador neste domingo,
não. Nem pensar na granada de plástico, definição do jornal The
Guardian. Na Bahia, terra de Carlinhos Brown, ela está banida.
A PM
baiana mostrou coragem e independência. Um exemplo para o Brasil que está de
joelhos para a Copa. Mas ninguém brinca com R$ 3 bilhões. As caxirolas verdes e
amarelas já estão sendo produzidas. O plano prevê nada menos do que cem milhões
delas. Todas nas mãos dos torcedores durante a Copa das Confederações… e no
Mundial de 2014. Se novos vexames acontecerem, ninguém se espante. A Polícia
Baiana já alertou. “Quando nós estivermos cuidando da segurança está definido. “Nada de caxirolas! Não só nestas finais de
campeonato... elas não entram mais nos estádios da Bahia”. As palavras são
major Henrique Melo, comandante do BEPE. Para espanto de Aldo Rebelo, do COL,
da The Marketing Store, e, principalmente, de Carlinhos Brown, os atletas do
Bahia e do Vitória terão apenas de jogar futebol. Não precisarão se preocupar
em recolher pedaços de plástico no gramado. O que já não é garantido na Copa
das Confederações e na própria Copa do Mundo.
Fonte: R7
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