Senador foi trazido para o Brasil sem autorização do governo boliviano. Luiz Alberto Figueiredo, embaixador na ONU, será o novo ministro.
O ministro Antonio Patriota (Relações Exteriores) deixou o governo após
reunião com a presidente Dilma Rousseff na noite desta segunda-feira (26). O
Palácio do Planalto anunciou como novo ministro Luiz Alberto Figueiredo, atual
embaixador do Brasil na Organização das Nações Unidas (ONU). Patriota passará a
ser o novo representante do Brasil nas Nações Unidas.
O motivo da demissão foi o episódio do senador boliviano Roger Pinto
Molina, que estava asilado havia um ano na embaixada brasileira em La Paz e foi
trazido para o Brasil em um carro oficial brasileiro, embora não tivesse
autorização do governo boliviano para deixar o país.
Nota divulgada pelo Planalto diz que Dilma "aceitou hoje pedido de
demissão do ministro Antonio de Aguiar Patriota e indicou o representante do
Brasil junto às Nações Unidas, embaixador Luiz Figueiredo, para ser o novo
ministro de Relações Exteriores”.
Na nota, Dilma “agradece” o trabalho de Patriota à frente do Ministério
de Relações Exteriores e informa que ele será o novo representante do Brasil
nas Nações Unidas. “A presidenta agradeceu a dedicação e empenho do ministro
Patriota nos mais de dois anos que permaneceu no cargo e anunciou a sua
indicação para a missão do Brasil na ONU", diz o texto.
O encontro de Dilma com Patriota começou pouco antes das 19h e durou
cerca de 50 minutos. Depois do encontro, a presidente e o ministro deixaram o
palácio.
A cúpula do ministério passou o dia em reuniões para tratar da situação
do senador e do diplomata Eduardo Saboia, encarregado de negócios da embaixada
brasileira em La Paz, que admitiu que organizou a operação que trouxe Molina
para o Brasil em um carro oficial. O senador viajou 22 horas de La Paz a
Corumbá (MS), onde pegou um jatinho e desembarcou em Brasília. Ele está
hospedado na casa do senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES), presidente da Comissão
de Relações Exteriores do Senado. No domingo, o Itamaraty anunciou inquérito para
apurar o caso.
Em junho deste ano, a Advocacia-Geral da União (AGU), a Procuradoria
Geral da República (PGR) e o Itamaraty já tinham se posicionado contra ajuda ao
senador boliviano Roger Pinto, que queria deixar a Bolívia rumo ao Brasil.
O Ministério Público da Bolívia planeja pedir a extradição de Molina,
condenado a um ano de prisão no país por suposto crime de corrupção. Ele
responde a outros 20 processos na Justiça boliviana (saiba como tramitará eventual pedido de
extradição).
O fato de o governo brasileiro ter sido surpreendido pela chegada do
senador contrariou a presidente Dilma. A presidente e Patriota só teriam sido
informados da fuga quando o boliviano alcançou território brasileiro. De acordo
com o blog Panorama Político, de Ilimar
Franco, em "O Globo", há sete meses os ministérios da Justiça e das
Relações Exteriores do Brasil negociavam o caso do senador com o governo da
Bolívia. Segundo o blog, a sugestão para que Molina deixasse o país teria sido
feita informalmente por membros do governo boliviano.
Em entrevista ao programa Fantástico neste
domingo (25), o diplomata brasileiro Eduardo Saboia, encarregado de Negócios do
Brasil na Bolívia, afirmou que foi dele a decisão de trazer o senador ao
Brasil. "Tomei a decisão de conduzir essa operação, pois havia o risco
iminente à vida e à dignidade do senador", disse.
Luiz Alberto Figueiredo
Luiz Alberto Figueiredo Machado, 58 anos, nasceu no Rio de Janeiro e é formado em direito pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ).
Ele ingressou no Itamaraty em 1980 e, no mesmo ano, iniciou atuação nas
Nações Unidos como diplomata assistente. Durante a carreira diplomática,
representou o Brasil em várias reuniões internacionais sobre mudança climática.
Figueiredo chefiou as negociações da Rio +20, a Conferência das Nações
Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, realizada em junho do ano passado, no
Rio de Janeiro. A conferência produziu um documento assinado pelos 188 países
que participaram do evento.
O resultado das negociações, apesar de não ter sido ousado na busca pelo
desenvolvimento sustentável, foi considerado bem sucedido pelo governo
brasileiro, já que houve a adesão de todas as nações participantes.
Antonio Patriota
Nomeado por Dilma Rousseff no início do mandato, Antonio Patriota era secretário-geral das Relações Exteriores, segundo cargo mais importante na diplomacia, antes de assumir o comando da pasta, por escolha da presidente Dilma Rousseff no início do mandato. Antes, foi embaixador do Brasil em Washington entre 2007 e 2009.
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Molina
Natural do Rio de Janeiro, tem 59 anos e ingressou no Itamaraty em 1979.
É casado com a americana Tania Cooper Patriota, funcionária da ONU, e tem dois
filhos.
Além de cargos de assessoramento do comando do ministério, em Brasília,
Patriota também representou o Brasil em organismos internacionais. De 1999 a
2003, autou em Genebra (Suíça), como representante na Organização Mundial do
Comércio. Antes, atuou na Missão Permanente do Brasil junto às Nações Unidas em
Nova York entre 1994 e 1999.
De 1992 a 1994, foi Subchefe da Assessoria Diplomática do Presidente
Itamar Franco. Antes disso, trabalhou nas Embaixadas do Brasil em Caracas
(1988-1990) e em Pequim (1987-1988).
Fonte: G1
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