Apesar
de ter se filiado ao PRTB com discurso de candidato ao Palácio do Buriti, a
saúde do ex-governador e a incerteza jurídica sobre seu futuro político levam
apoiadores a apontar o nome da deputada Liliane Roriz como opção para a disputa
ao Executivo
Joaquim
Roriz se filiou ao PRTB com discurso de candidato ao Palácio do Buriti. Mas a
fragilidade de sua saúde e, principalmente, o imbróglio jurídico em torno de
sua possível candidatura, levam o grupo político e familiares do ex-governador
a discutirem abertamente um plano B. A deputada distrital Liliane Roriz, que
também migrou para o partido comandado pelo ex-senador Luiz Estevão, é apontada
como sucessora do ex-governador. Apesar de defender a candidatura de Roriz,
Liliane já fala como concorrente. “Se meu pai não puder disputar as eleições,
estou à disposição para colocar em prática esse projeto. Eu me sinto pronta
para enfrentar o desafio”, afirma Liliane.
Roriz se filiou ao PRTB na última quinta-feira, após sofrer o desgaste político de ter seu nome rejeitado pela executiva nacional do DEM. Depois de fechar com o partido de Luiz Estevão, o ex-governador alfinetou a cúpula do Democratas e fez discurso de candidato. Mas tem consciência da longa briga jurídica que terá que enfrentar para conseguir registrar seu nome na Justiça Eleitoral. Como em 2007 ele renunciou ao mandato de senador para escapar da cassação, tornou-se inelegível pelos critérios da Lei da Ficha Limpa (confira O que diz a lei). Orientado por advogados, ele argumenta que a renúncia ocorreu antes da vigência da norma — mesmo questionamento de dezenas de outros políticos, que ainda será discutido pelos tribunais superiores.
Segundo a assessoria de imprensa de Roriz, ontem ele almoçou com a ex-vice-governadora Maria de Lourdes Abadia, atualmente no PSDB, e conversou ainda com o presidente regional do PR, Salvador Bispo. Tanto Joaquim Roriz quanto Luiz Estevão evitam falar em coligações neste momento, apesar de as negociações entre os partidos estarem intensas.
A deputada Liliane Roriz defende um leque amplo de alianças. “Precisamos conversar com todo mundo. Não temos problema em negociar com ninguém, desde que sejam pessoas comprometidas com a defesa da cidade. Sempre tive relações boas e respeitosas com figuras importantes, como o Cristovam Buarque (PDT), o Rodrigo Rollemberg (PSB) e com o Reguffe (PDT), por exemplo”, comenta a parlamentar.
Liliane Roriz começou a vida política no PRTB, mas deixou o partido por divergências com Caio Donato, ex-presidente da legenda. Agora, com o novo comando, aceitou voltar à sigla ao lado do pai. O partido, que deve ficar sem nenhum representante na Câmara dos Deputados até 5 de outubro, terá dificuldades na campanha por conta do exíguo tempo de televisão. Mas, para a filha de Joaquim Roriz, isso não representa um problema. “O meu pai passou um período em casa, cuidando da saúde, mas ele tem um eleitorado tão forte na cidade que isso não afetou em nada a sua popularidade. O tempo de televisão é irrelevante. A força dele está consolidada”, garante Liliane. Joaquim Roriz sofre de problemas renais. Além de enfrentar longas sessões de hemodiálise, está na fila de espera por um transplante de rim.
Aliança
Antiga aliada do ex-governador, a tucana Maria de Lourdes Abadia evita falar na retomada da velha aliança neste momento. “O discurso do nosso presidente Aécio Neves é para focarmos na organização do partido nos estados. Só em março, vamos pensar em aliança”, diz Abadia. “Éramos aliados quando ele era governador e eu, vice-governadora. Agora, Roriz não está mais no governo nem eu ocupo mais o cargo de vice-governadora. São outras circunstâncias”, afirma Abadia.
O ex-deputado federal Jofran Frejat, que em 2010 foi vice na chapa de Roriz, ainda está filiado ao PR e não sabe se mudará de legenda. Faz mistério sobre uma possível composição com o ex-governador e até mesmo sobre seu futuro político. “Recebi muitas propostas, mas estou quieto no meu canto. Todo mundo me procura, mas só para ser figurante, não protagonista. O que isso vai acrescentar à minha vida?”, questiona Frejat.
“E, mesmo se fosse para aceitar uma posição de protagonista, eu pensaria duas vezes. Só aceitaria se fosse como uma missão”, acrescenta. “Muita gente me quer nas chapas para eu somar eleitoralmente, para ajudar a eleger os outros. Mas, se for para ficar nessa muvuca de reunião, de assembleia disso, assembleia daquilo, eu prefiro ficar em casa, sendo vice da minha mulher”, finalizou Jofran.
O presidente regional do DEM, Alberto Fraga, recebeu convites para migrar para o PRTB com Roriz. Ele foi o responsável pelo convite para o ex-governador ingressar no Democratas — posteriormente vetado pela executiva nacional. Mas ainda não decidiu seu futuro e tampouco descarta permanecer na legenda. “A partir do dia 2, tenho inserções na televisão e não quero desperdiçar essa oportunidade”, diz Fraga, que também conversou com representantes do PR, PSDB e PPS.
O que diz a lei
A Lei Complementar nº 135/2010, conhecida como Lei da Ficha Limpa, proibiu os políticos condenados por órgãos colegiados de disputarem cargos eletivos. Além disso, a referida norma determinou que candidatos que tiveram mandatos cassados ou que renunciaram para fugir da cassação se tornam inelegíveis por um período de oito anos. A aplicação da lei provocou controvérsias, que só foram definidas cinco meses após a eleição de 2010, quando o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que a regra só valeria para o pleito de 2012. A Lei da Ficha Limpa surgiu a partir de uma iniciativa popular, que contou com apoio de entidades, como a Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e o Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral.
Por Helena Mader
Fonte: Correio
Braziliense - 28/09/2013
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