OPINIÃO: 2014, um jogo de paciência

Por Ricardo Callado -  As atenções estão voltadas para as composições das chapas majoritárias. Discutem-se nomes para o Palácio do Buriti e ao Senado. E nomes não faltam. Pelo menos seis querem a cadeira do governador Agnelo.

A eleição não vai ser fácil. Para ninguém. Nem para Agnelo. Nas últimas duas semanas vários movimentos foram feitos visando 2014. Troca de partidos, filiações, alianças. A oposição se dividiu para depois se unir mais forte. A fragmentação é proposital.

Até agora, aparentemente, quem vem se dando bem é o governador Agnelo Queiroz. A reafirmação da aliança com o PMDB, do vice Tadeu Filippelli, estabilizou a candidatura. A negativa do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) a criação da Rede Sustentabilidade também foi uma boa notícia.

Além de prender o campeão de votos do PT, deputado Chico Leite, segurou o deputado Reguffe no PDT. Ambos pretendiam ingressar no partido da ex-senadora Marina Silva. Reguffe era cotado para disputar o governo contra Agnelo. Ou o Senado na chapa de Rodrigo Rollemberg (PSB), candidato ao Buriti.

Isso não quer dizer que Reguffe esteja totalmente impedido de disputar o Senado ou o GDF. Pode, sim. Se o seu partido deixar. Mas o PDT, que nega Agnelo, é o mesmo que tem cargos no governo do DF. Há também um acordo entre Agnelo e o presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, para uma aliança no próximo ano.

Reguffe é refém em seu próprio partido. E Agnelo não abre mão de tê-lo como aliado. Sabe que o deputado é um puxador de voto. Além de levar a bandeira da ética e da moral a campanha do PT. Esse é o projeto da chapa Agnelo-Filippelli.

Reguffe não irá cair nessa. Mesmo que forçado. Prefere deixar a política. Se fechar aliança não teria como explicar ao seu eleitor. E terá, também, que engolir o discurso que vem fazendo até agora, ora de oposição, ora de independência.

A solução caseira do PT é o deputado federal Geraldo Magela, um dos mais importantes quadros do partido. Magela disputou em 2002 contra Joaquim Roriz e perdeu com a menor diferença de votos em uma eleição para o Buriti. Hoje faz um bom trabalho na Secretaria de Habitação.

Quem também vem se dando bem é a deputada Eliana Pedrosa. Saiu do PSD para o PPS e tem a garantia do partido para ser candidata contra Agnelo. De quebra, ainda fechou um acordo com o Solidariedade, que tem no DF o deputado Augusto Carvalho.

Eliana busca outros partidos para fortalecer sua coligação. E tem muita legenda solta sem saber para onde ir. As alianças nacionais também podem ajudar a deputada.

Quem sai perdendo, até o momento é o senador Rodrigo Rollemberg. A chapa dos sonhos, como se fala nos bastidores, implodiu. Ele contava com Chico Leite para ser vice e Reguffe no Senado. Rodrigo vai ter que buscar alternativas.

Um novo nome surgiu nos últimos dias. É Jofran Frejat. Pode ser candidato ao governo ou a vice. Médico respeitado, poderia fazer o contraponto na área de saúde ao governo Agnelo. Em 2010 foi candidato a vice-governador na chapa de Joaquim Roriz.

Com a saída do ex-governador imposta pela Lei da Ficha Limpa, em plena campanha, foi mantido na chapa de Weslian Roriz. Fala-se que se ele tivesse substituído Roriz na disputa seria o governador hoje.

Existe uma conversa de Frejat ser candidato ao Buriti, tendo como vice a deputada Liliane Roriz (PRTB). Por trás, receberia o apoio dos ex-governadores Joaquim Roriz (PRTB) e José Roberto Arruda (PR). É uma chapa que não pode ser desprezada.

Mas é apenas mais uma conversa. O certo é que todos os players estão no páreo. O deputado federal Luiz Pitiman (PSDB), por exemplo, surge como a terceira via. É a novidade da eleição de 2014. Os tucanos estão fortalecendo o partido no DF. Pitiman precisa de alianças para viabilizar a campanha.

Por último, e não menos importante, Toninho do PSol. Único candidato que pode bater no peito e se dizer de esquerda, irá atrapalhar muita gente. Se o povo for para as ruas em 2014, capitaliza os protestos e pode ser a surpresa da eleição.

Todos tem chances. As pesquisas mostram tudo embolado. O percentual do primeiro para o quinto candidato, algumas vezes, fica em cinco ou seis pontos percentuais. O palanque de Aécio Neves (PSDB) será forte em Brasília. E vai unir Arruda, Roriz, Liliane, Eliana, Pitiman, Frejat, Augusto, Izalci Lucas, Paulo Octávio, Alberto Fraga, Adelmir Santana. Essa é a única certeza: a união da oposição em uma única chapa. Mas ninguém deve decolar nos próximos meses. Vai ser um jogo de paciência.


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