Postado
por Sandro Gianelli
“Não
é que Brasília seja um ovo de codorna. A burguesia é que é restrita”, me disse
um amigo jornalista, ao comentar o fato de que todos os moradores do Plano
Piloto parecem se conhecer. Bem, eu não conheço de perto o deputado Reguffe,
agora pré-candidato ao Palácio do Buriti, mas tenho amigos em comum com ele que
o admiram profundamente. Eles me garantiram que esse representante do povo
brasiliense é mesmo um idealista, cheio de boas intenções e sobretudo muito
honesto. Acredito neles e nunca soube de nada que pudesse desabonar o campeão
de votos da cidade. Portanto, o que vou escrever agora não é um ataque pessoal,
mas a simples e democrática opinião de um cidadão sem vínculos partidários.
Então,
vamos lá: a popularidade de Reguffe é uma das coisas que mais me intrigam na
política. Por que ele recebe tantos votos, se nada faz para melhorar a vida da
população? Posso estar enganado, mas até onde eu sei tudo o que Reguffe faz é
abrir mão de verbas de gabinete e cortar as suas próprias despesas
parlamentares. Li, no Facebook, que ele sozinho teria economizado milhões de
reais do contribuinte.
É
aí que começa a ilusão: na verdade, essa economia não existe, pois a verba que
deixa de ser gasta por um deputado não é devolvida aos cidadãos. O dinheiro
volta para a Câmara, que pode usá-lo em outras coisas ou devolvê-lo ao
Executivo. Uma vez incluídos no Orçamento, os recursos públicos só retornam aos
pagadores de impostos por meio de serviços, obras, ações de governo.
Portanto,
ao deixar de gastar o dinheiro colocado à disposição do seu gabinete, o que o
deputado faz na prática, talvez sem perceber, é permitir que essa verba seja
usada por outros agentes públicos. O dinheiro vai parar nas mãos de pessoas
que, possivelmente, não têm a mesma honestidade do parlamentar de Brasília.
Segundo
os puros de coração, o melhor efeito dessa suposta economia é o fato de servir
de exemplo para os políticos, ao provar que a máquina pública pode funcionar
com muito menos dinheiro. Estamos, assim, diante de mais uma ilusão muito bem
alimentada pela mídia. O que falta no Brasil não é dinheiro, e sim o uso
eficiente dos recursos para melhorar a saúde, a educação, a segurança e a
infraestrutura (estradas, redes de comunicação etc.).
Pelo
fato de agir sozinho, quase como um apolítico dentro da política, Reguffe não
arregimenta outros parlamentares para a sua causa, e o seu exemplo cai no
vazio. A economia proporcionada por ele pode ter efeito simbólico, mas o povo
precisa mesmo é de realidade: hospitais, escolas, polícia nas ruas. Ao se
colocar acima da política, Reguffe passa a ter poucas chances de aprovar
propostas que poderiam melhorar, efetivamente, a vida da população.
Porém,
é preciso reconhecer: Reguffe jamais enganou o seu eleitorado. As pessoas que
votam nele concordam, muito conscientemente, com a tese de que a melhor forma
de fazer política é não fazê-la. E, pensando bem, a grande quantidade de votos
recebida por ele não tem nada de surpreendente. A opção por Reguffe representa
muito bem um certo zeitgeist da classe média de Brasília, de uma
burguesia que, movida por um obscuro sentimento de culpa, faz questão de se
declarar socialista, ou politicamente correta, enquanto mantém os hábitos da
sociedade mais capitalista e individualista do País. Votar nele é uma forma de
ficar de consciência limpa sem contribuir muito para mudar a realidade.
Não
por acaso, o grande ídolo de Reguffe é o senador Cristovam Buarque, um
idealista que não conseguiu executar as suas utopias, seja no governo do DF ou
no Ministério da Educação. O honesto Cristovam é o oposto do “rouba mas faz” e,
assim como Reguffe, tem uma legião de fãs. Aliás, um eventual governo de
Reguffe poderia ser bem parecido com a passagem de Cristovam pelo Buriti de
1995 a 1998: muita conversa e poucas realizações.
Respeito
o deputado Reguffe e os seus eleitores, mas tenho a minha opinião. Apresentar
belos discursos à mídia e deixar de gastar dinheiro não leva nenhum país para a
frente. O que faz diferença é saber usar os impostos para melhorar a vida dos
cidadãos. E sem roubalheira, claro.
Para
muitas pessoas, o fato de um político não roubar no Brasil atual, a exemplo de
Reguffe, já é lucro. Essa visão não deixa de ser triste. Deveríamos esperar bem
mais dos nossos representantes, pois há dezenas de problemas graves à espera de
solução. São necessárias medidas práticas e urgentes, e quem não ajuda acaba
atrapalhando, já que o tempo passa e os cidadãos continuam em dificuldade. Isso
também custa caro.
Fonte:
http://www.meiaum.com.br/novosite/refluxodeconsciencia/2013/10/09/uma-ilusao-chamada-reguffe/
Eleições2014.
ResponderExcluirBom amigo não concordo contigo, e o que a população vê no reguffe e a esperança de que com políticos sérios e honesto as coisas comecem a andar pra frente, dinheiro de fato tem muito, em compensação a corrupção esta 98% impregnada na câmara, nesses últimos 20 anos ele foi o único que teve peito pra devolver e provar que o verbas de gabinetes podem ser reduzida pela metade que ainda assim da pra ficar tranquilo e com sobra. Se começarmos por ai e outros políticos aderirem mudanças vem com o tempo o que não da e pra continuar do jeito que estamos e toda tentativa de mudança e valida, com certeza ele conseguirá governar e se brincar por dois mandatos seguidos, temos que extirpar a "política do rouba mais faz", o certo seria "rouba mais ta preso"
Gostei cara, o que falta é vergonha na cara do eleitor; pois o politico é reflexo deste eleitorado.
ExcluirVoce escreve seus artigos com base no achismo? Pobre dos leigos e desinformados que por ventura possam ser influenciados por palavras tao parciais e interesseiras...
ResponderExcluir