Policiais de
Los Angeles, nos Estados Unidos, já testaram câmeras acopladas em uniformes
Tecnologias e procedimentos que vêm sendo usados no Brasil e no exterior
têm potencial para ajudar a polícia a reduzir seus índices de letalidade e
ajudar na investigação de crimes cometidos por agentes públicos.
Uma das principais aliadas dos investigadores são as câmeras de vídeo,
que podem ser instaladas tanto dentro de carros e edifícios da polícia como até
ser fixadas ao uniforme dos policiais, segundo especialistas ouvidos pela BBC
Brasil.
Os aparelhos serviriam principalmente para inibir os policiais de
cometer ações abusivas e crimes - pois as imagens poderia sem verificadas por
corregedorias ou órgãos fiscalizadores. O sistema porém não seria infalível,
pois as câmeras poderiam ser danificadas ou inutilizadas por maus policiais.
"Se pudéssemos ter, por exemplo, uma câmera em cada carro da
polícia ou dentro das delegacias diminuiria muito o número de histórias mal
contadas", disse Marcos Fuchs, da ONG Conectas Direitos Humanos.
"Esse tipo de tecnologia deveria ser um investimento prioritário
para todas as polícias", disse.
Atualmente, determinadas unidades policiais no Rio e em São Paulo já
fazem o uso de câmeras em carros da polícia e até em uniformes (especialmente
em manifestações), assim como aparelhos de localização por GPS; porém o uso não
é feito em todas as unidades, como recomendam os ativistas.
Segundo Jaqueline Muniz, do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, outra
opção que pode reduzir a letalidade da polícia e ser útil em investigações diz
respeito mais a uma mudança de regras e procedimentos do que uma tecnologia
propriamente dita: o controle de munição.
Isto é, a polícia deve contabilizar individualmente os disparos de arma
de fogo feitos por cada policial. De acordo com ela, a maioria das polícias
brasileiras controla o uso da munição apenas levando em conta o estoque total a
ser reposto.
"Não há controle individualizado (em muitos Estados do Brasil),
como há em países europeus. Se eu sei quantas balas cada policial usou todo mês
e quantas vezes teve que usar sua arma de fogo, posso identificar os 'dedos
nervosos', até mesmo para proteção deles. Pode-se oferecer tratamento
psicológico, por exemplo, determinar se o profissional está sob pressão,
estressado, etc".
Controle
As polícias militares do Rio e de São Paulo afirmaram que já realizam
controle de munição individualizado. A PM do Rio afirmou que "desde o ano
passado está em implantação o Sistema online de Material Bélico (SISMATBEL),
para controle de munição que faz com que o uso de cada unidade seja
diferenciado"
"Os policiais, antes de saírem para qualquer operação, assinam
documentos impressos informando a quantidade de munição que receberam e, no
retorno, informam quanto foi usada".
Já a PM de São Paulo afirmou que também realiza o controle
individualizado de munição, mas não deu detalhes de como ele é feito na
prática. Afirmou porém que a corporação usa munição numerada.
A PM de São Paulo também afirmou à BBC Brasil que registrou no ano
passado o segundo melhor resultado dos últimos 15 anos em termos de baixos
índices de letalidade de seus policiais. Foram 334 mortes em confrontos.
"Isso revela o forte compromisso da Polícia Militar com a defesa da
vida, mesmo que sejam vidas de criminosos que atentaram contra policiais ou
pessoas da sociedade."
Segundo a instituição, "todas as ocorrências com resultado morte
são sucedidas de reuniões de análise crítica, totalmente apartadas das
investigações, com o objetivo de analisar o caso concreto e estudar medidas que
poderiam ser empregadas para evitar a morte. Os resultados dessas reuniões
subsidiam estudos para a redução da letalidade futura".
Fonte: LUIS
KAWAGUTI portal BBC Brasil - 27/03/2014
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