Falha manobra de Dilma para nomear o amigão Gim Argello para o TCU a toque de caixa; iniciativa debocha do Senado e do tribunal

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Atenção! O senador Gim Argello (PTB-DF) é um amigão do peito da presidente Dilma Rousseff. É dessas surpresas, assim, que a vida prepara. Tenho cá pra mim que um não entende dez por cento do que o outro fala, mas existe a linguagem universal do afeto, fraterno acho, que passa, para citar o grande poeta Mário Faustino, “por cima de qualquer muro de credo./ Por cima de qualquer fosso de sexo”. E isso fez de Gim o candidato de Dilma a uma vaga no Tribunal de Contas da União. Sim, no TCU. Mais uma vez, a presidente conta com a ajuda de Renan Calheiros (PMDB-AL), presidente do Senado, o mesmo que está ajudando a inviabilizar a CPI da Petrobras. Quem quer Gim no TCU é Dilma, mas Renan está fazendo de conta que a indicação é sua.

Trata-se de uma vergonha em si, que não requer interpretação. Atenção! O senador é réu em nada menos de seis processos no Supremo. É investigado por fraude à lei de licitações, crime eleitoral, peculato, corrupção ativa e passiva e lavagem de dinheiro. Só isso!

Em 2011, o senador foi flagrado fazendo lobby junto à Advocacia-Geral da União em favor do ex-senador Luiz Estevão, lembram-se dele?, justamente para diminuir o valor de uma multa aplicada pelo TCU: R$ 1 bilhão por conta das irregularidades na construção da sede do Tribunal Regional do Trabalho, em São Paulo, aquele do notório juiz Lalau.

É esse cara que Dilma Rousseff quer como ministro do TCU. Ela deve conhecer qualidades em tão notável senador que ninguém mais conhece. Para diminuir os riscos, Renan tentou votar a indicação em regime de urgência, o que levaria o nome de Gim diretamente para o plenário, sem passar por nenhuma comissão. Seria aprovado com facilidade. Renan pôs o requerimento em votação nesta terça, mas foi derrotado por 25 a 24. Argello terá de enfrentar o trâmite normal para indicações, sendo sabatinado pela Comissão de Assuntos Econômicos do Senado. O governo queria evitar essa sabatina a todo custo.

Senadores que integram legendas da base governista votaram contra a urgência: do PT: Eduardo Suplicy (SP); do PMDB: Waldemir Moka (MS), Jarbas Vasconcellos (PE) e Pedro Simon (RS); do PDT: João Durval (BA) e Pedro Taques (MT); dos oposicionistas Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) e Rodrigo Rollemberg (PSB-DF), além de Paulo Davim (PV-RN).

As coisas já ultrapassam o limite do cinismo e do descaramento. Digamos, só para efeitos de pensamento, que Gim Argello seja inocente nos seis processos. Em qualquer lugar decente do mundo, o normal é esperar que o tribunal faça, então, seu julgamento e, uma vez eliminadas as possibilidades de culpa, então que se nomeie o homem. Não com Dilma! Não com esse governo. A indicação de Gim Argello é uma acinte e um deboche com o Senado e com o TCU.

Por Reinaldo Azevedo

Fonte: http://veja.abril.com.br/

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