Metroviários do Distrito Federal decidiram retomar
a greve por tempo indeterminado a partir desta segunda-feira (14), depois que a
reunião entre os servidores e a autarquia no final da última semana terminou
sem acordo. Segundo o Tribunal Regional do Trabalho, que mediou o encontro na
sexta, o caso será levado para o Ministério Público do Trabalho e em seguida
volta ao TRT para ser analisado e julgado nas próximas semanas.
Com isso, o sistema volta a contar com apenas sete
trens nos horários de pico. Por volta as 6h30, a espera pelos veículos chegava
a 30 minutos na Estação Central, na Rodoviária do Plano Piloto - normalmente,
passageiros aguardam até três minutos.
A retomada da greve foi decidida após uma
assembleia na noite deste domingo. Em entrevista à TV Globo, o secretário de
Administração Pública, Vilmar Lacerda, disse que vai entrar com uma ação na
Justiça ainda nesta segunda para pedir o aumento do número de servidores
trabalhando durante a greve, o aumento no número de trens em circulação e o fim
imediato da paralisação.
Diretora do sindicato da categoria, Tânia Viana
discordou da fala do secretário. "A intransigência a que ele se refere não
parte do sindicato da categoria. Nós suspendemos a greve por 48 horas [até a
audiência no TRT], depois esperamos mais 48 horas [para realizar a assembleia].
Precisamos de humanidade com os nossos colegas de trabalho."
Tânia já havia dito ao G1 que a tendência era de
retomar a paralisação por tempo indefinido. “As principais reivindicações em
relação à segurança dos empregados e dos usuários ficaram fora da pauta. Temos
colegas que estão trabalhando nove horas e meia, sem refeição e em seis dias
por semana, fazendo movimento repetitivo”, disse.
“As principais reivindicações em relação à
segurança dos empregados e dos usuários ficaram fora da pauta. Temos colegas
que estão trabalhando nove horas e meia, sem refeição e em seis dias por
semana, fazendo movimento repetitivo”, disse Tânia.
O sindicato pedia redução de carga horário de 8
para 6 horas. O Metrô não aceitou.
Entre as propostas da empresa estavam a reposição
do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que foi de 5% no ano
passado, mais 1,5% sobre salários e benefícios, 110 bilhetes de quebra de
caixa, implementação de previdência complementar a partir de janeiro de 2015 e
correção de distorções salariais no período de 2005 a 2009.
A greve teve início à meia-noite do último dia 4.
Segundo o secretário de Relações Intersindicais do Sindicato dos Metroviários
do DF (SindiMetrô-DF), Dione Aguiar, a companhia interrompeu as negociações e
negou quase todos os pedidos da categoria.
O Sindicato dos Metroviários reivindicava correção
das distorções salariais do plano de carreira, redução da jornada de trabalho
para seis horas, reajuste salarial de 10%, previdência complementar e aumento
da quebra de caixa da bilheteria.
Na última quarta-feira (9), empresa e empregados
participaram de outra audiência, também no TRT. Na ocasião, os metroviários
aceitaram suspender a greve até a reunião desta sexta-feira. No fim de semana,
o sistema vai operar sem alteração no efetivo.
Na segunda (7), a companhia entrou com uma ação
pedindo para que o TRT julgue abusiva a paralisação, afirmando que não há
argumentos que justifiquem o ato, pois todos os acordos coletivos estão sendo
cumpridos.
Na ação, a companhia solicitou que 100% dos
empregados trabalhem nos horários de pico e 80% dos funcionários atuem nos
outros períodos. Desde o início da greve, 30% do quadro estão em serviço.
De acordo com o sindicato, o sistema conta hoje com
1.080 funcionários sendo 600 do setor operacional. Ao todo, 160 mil pessoas
utilizam diariamente este tipo de transporte.
Protestos e prisões
Na última quarta-feira (9), 40 pessoas foram presas
durante um protesto contra a demora e superlotação de trens do Metrô do
Distrito Federal. O problema ocorreu depois que representantes do sindicato
bloquearam o acesso de pilotos e invadiram a sala de controle dos veículos, no
sexto dia de greve. Os passageiros deixaram a estação de Ceilândia Centro e
bloquearam o trânsito da Avenida Hélio Prates.
Os manifestantes teriam se irritado com a situação,
que provocou um atraso superior a uma hora, e danificado alguns trens, além de
acionar o botão de emergência. Por prevenção, a direção da autarquia decidiu
suspender a operação em três estações de Ceilândia, desenergizando a via.
Durante a manifestação, vidros de um ônibus também
foram quebrados. A PM disse que precisou usar bombas de efeito moral para
dispersar o grupo. Os detidos vão responder por desacato, resistência e dano ao
patrimônio público.
Um dos participantes do ato, Paulo César Tiago de
Oliveira disse que a confusão começou ainda dentro da estação. "Quando o
trem chegou em Ceilândia Centro, ele parou. Não deixaram o trem sair, fecharam
as portas do metrô, não abriram, o pessoal começou a passar mal. Aí a polícia
começou a jogar spray de pimenta com o povo dentro do metrô", disse.
Segundo o rapaz, os usuários começaram a quebrar os
trens em resposta à situação. "Por revolta, começaram a quebrar o metrô.
Eles pediram o retorno do dinheiro, mas [o Metrô] não devolveram os R$ 3. As
pessoa se indignaram. Aí começaram a manifestação [de forma] pacífica, mas os
policias chegaram com excesso, empurrando, desrespeitando o cidadão
trabalhador."
A sindicalista que invadiu a sala de controle do
Metrô também foi detida. Segundo o sindicato, a autarquia havia convocado sem
experiência ou afastadas do cargo pilotassem os sete trens que estavam em
circulação durante a greve. A empresa disse que havia chamado ex-pilotos que
ocupam atualmente outros cargos apenas para garantir o serviço.
Fonte: Portal G1
DF
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