A
possibilidade de não ter nenhum candidato eleito pode ocorrer pela primeira vez
na instituição desde a criação da CLDF
A poucos dias um colega
postou uma afirmação de que muitos pretensos candidatos estariam seriamente
ameaçados de perderem a oportunidade de concorrerem aos pleitos de outubro em
diversos partidos de oposição.
O blog fez um levantamento
nesses partidos e percebemos que realmente as nominatas (Registro de
candidatos), em alguns partidos, chegam a quilômetros de distância,
principalmente naqueles onde estão despontando figuras bem cotadas como os
ex-governadores José Roberto Arruda e Joaquim Roriz, além do poder financeiro
de seus aliados como o ex-senador Luiz Estevão.
O que muitos não perceberam
ainda é que em partidos políticos com nominatas tão grandes, os escolhidos
fatalmente serão aqueles com grande possibilidade de vitória nos pleitos e que
os demais sejam os que possam “puxar” votos para os candidatos em potencial do
partido, já que o que interessa ao partido é uma bancada forte e consistente,
tanto Federal como Distrital.
Matematicamente falando, a
previsão de candidatos aos pleitos esse ano pode passar facilmente aos 1500, se
levarmos em consideração o número de partidos (32) e o
máximo de candidatos permitido para cada agremiação, sem coligação (24×2= 48
candidatos). Porém, é provável que haja algumas coligações (onde o número de
vagas é de 72, mas deve ser divido pelos partidos integrantes), e que alguns
partidos não tenham nominata completa a apresentar ao eleitor.
De quatro
em quatro anos, exatamente um ano antes das eleições, um seleto grupo de
brasilienses vira alvo de todas as cobiças. Por dois ou três meses, são
escutados em reuniões de alto escalão e recebidos em gabinetes espessamente
acarpetados. Até a data fatídica do encerramento das filiações partidárias, os
assim chamados “pequenos” candidatos (o valor em votos do adjetivo “pequeno”
podendo mudar dependendo das agremiações) são cortejados, as executivas
partidárias sabendo de experiências passadas a importância da “guarnição” das
famosas nominatas.
Dos 17
partidos que elegeram pelo menos um Distrital em 2010, 12 só conseguiram o
feito graças a votação dos não-eleitos. Ou seja, a escolha cuidadosa da
nominata permitiu a eleição do mais votado dos candidatos. Já os 8 partidos que
concorreram e não elegeram ao menos um representante precisarão rever suas
estratégias, que seja na formação da nominata, ou na celebração de coligação.
A tabela
a seguir indica o percentagem de votos trazidos pelos “não-eleitos” em cada
partido na eleição para Distrital em 2010. Sem levar em conta as coligações,
aparecem com maior percentual os partidos onde o candidato melhor colocado teve
votação mais modesta em relação aos eleitos de outros partidos, como Celina
Leão no PMN (7.771 votos), o Professor Israel Batista no PDT (11.349 votos) e
Wellington Luiz no PSC (10.333 votos). O percentual de 86,43 %, por exemplo, no
PMN, indica que 86,43 % dos votos do partido vieram dos não-eleitos.
Já na
outra ponta da tabela, aparecem partidos onde o total de votos, relativamente
modesto, foi conseguido em grande parte pelo candidato eleito, por sinal,
graças as coligações, já que tanto o PRB quanto o PRTB ficaram longe de obter o
Quociente Eleitoral. O número 22,78 % para o PRB, por exemplo, indica que 78,22
% dos votos foram conseguidos por somente por Evandro Garla. Ponto em comum a
estes partidos também o pequeno número de candidatos na nominata (12 no PRB, 20
no PRTB), tornando obrigatória a formação de coligação para obter êxito.
Partido
|
Eleitos
|
% não eleitos
|
PMN
|
1
|
86,43
|
PDT
|
1
|
85,23
|
PSC
|
1
|
83,77
|
PTdoB
|
1
|
82,61
|
PR
|
1
|
81,08
|
PSL
|
1
|
80,20
|
PTB
|
1
|
77,57
|
PSB
|
1
|
75,40
|
PSDB
|
1
|
74,88
|
PP
|
1
|
68,57
|
PMDB
|
2
|
59,19
|
PTC
|
1
|
50,86
|
DEM
|
2
|
48,09
|
PPS
|
2
|
45,31
|
PT
|
5
|
43,54
|
PRTB
|
1
|
30,35
|
PRB
|
1
|
22,78
|
24
|
64,60
|
Para a
eleição 2014, três caminhos parecem ter sido seguidos pelos executivas
partidárias. Sempre com papel, caneta e calculadora à mão, quase todas
procuraram formar a maior lista de possíveis candidatos, algumas agremiações
ultrapassando até a centena de nomes. O tempo (e as inevitáveis coligações)
lapidará estas listas. Poucos partidos tentaram a solução da nominata “forte”
em Distritais eleitos e candidatos de alta votação em 2010. O PT é o exemplo
desta estratégia, aglutinando Claudio Abrantes (ex-PPS) ao grupo de cinco
Deputados, sem contar vários Administradores Regionais, passados e atuais. O
partido do Governador tinha sido, de longe o mais votado em 2010, realizando
seu melhor resultado histórico na história do DF. Pretende repetir o feito, e
até mesmo ampliá-lo, apostando em média alta. O maior risco é a briga interna,
particularmente em algumas regiões onde várias candidatos correligionários se
apresentarão como “dono” do espaço geográfico. Outro pé da coligação do atual
GDF, o PMDB parece ter sido o mesmo raciocínio.
Os outros
partidos se dividiram em duas opções, às vezes pelas contingências materiais
disponíveis para oferecer aos potenciais candidatos, às vezes por opções
estratégicas relacionadas aos Deputados preocupados em preservar suas cadeiras,
e ainda às vezes na ótica da candidatura majoritária. Afinal, são até agora 8
pré-candidatos declarados ao Buriti ! Alguns, como o PPS ou o PSDB,
concentraram seus esforços em atrair candidatos de votação comprovada entre 10
e 5 mil votos. Acrescentados à “prata da casa”, eles são destinados a formar um
tipo de “tropa de choque” de cerca de uma dezena de candidatos em cada
agremiação dos quais se espera uma média de 6 a 7 mil votos, garantido com
segurança uma vaga pelo QE, e uma segunda na distribuição das sobras, a
depender do desempenho dos outros candidatos da nominata.
Uma
terceira categoria de partidos se concentrou em formar uma nominata mais
homogênea, com candidatos de média estimada menor, entre 3 e 5 mil votos, mas
em maior quantidade. Afinal, a matemática comprova que 10 x 6 mil ou 20 x 3 mil
têm o mesmo resultado. Só que é mais fácil obter três mil votos do que seis
mil, e que também é mais fácil “conversar” com candidato de 3 mil votos de que
candidatos de 6 mil !
Alguns
partidos ainda decidiram privilegiar a “solução interna”, preferindo lançar
candidatos “caseiros”, afinados com o programa do partido, mesmo sem muita
experiência eleitoral. É o caso, tradicionalmente, do PSOL, mas também do PSD,
estreante na urnas brasiliense em 2014.
No entanto,
as calculadoras são otimistas. É provável que, somando as expectativas de cada
partido com suas nominatas, Brasília precisaria de no mínimo 2,5 milhões de
eleitores e a Câmara Legislativa de 30 cadeiras! A tabela a seguir indica a
média de votos dos candidatos a Distrital em 2010: somente quatro passaram de 2
mil votos !
Partido
|
Eleitos
|
Candidatos
|
Média
|
PT
|
5
|
38
|
5.694
|
DEM
|
2
|
30
|
3.428
|
PPS
|
2
|
20
|
2.766
|
PSDB
|
1
|
38
|
2.212
|
PMDB
|
2
|
45
|
1.924
|
PSB
|
1
|
30
|
1.881
|
PRP
|
0
|
25
|
1.779
|
PTB
|
1
|
44
|
1.727
|
PRB
|
1
|
12
|
1.712
|
PTdoB
|
1
|
42
|
1.708
|
PDT
|
1
|
45
|
1.707
|
PSL
|
1
|
40
|
1.674
|
PMN
|
1
|
35
|
1.636
|
PRTB
|
1
|
20
|
1.579
|
PTN
|
0
|
11
|
1.510
|
PR
|
1
|
48
|
1.462
|
PSC
|
1
|
45
|
1.415
|
PHS
|
0
|
43
|
1.251
|
PV
|
0
|
43
|
1.231
|
PSOL
|
0
|
21
|
1.211
|
PP
|
1
|
32
|
942
|
PTC
|
1
|
31
|
924
|
PCdoB
|
0
|
32
|
843
|
PSTU
|
0
|
2
|
483
|
PSDC
|
0
|
21
|
400
|
24
|
793
|
1.798
|
Não
surpreende que o PT e o DEM tenham as melhores médias, já que foram os dois
partidos mais votados na eleição 2010. Não surpreende também que os partidos
que obtiveram as maiores bancadas estejam nas mais fortes médias. Na parte de
baixo, PP e PTC foram claramente “salvos” pela coligação, respectivamente com
PMN e PRP. O partido de Adalberto e Claudio Monteiro, por sinal, aparece com o
mais claramente prejudicado eleitoralmente nas coligações 2010, já que obteve
uma bela média que se revelou infrutífera.
A força
dos “pequenos” candidatos aparece mais claramente na última tabela, a seguir,
que indica a média de votos das nominatas excluídas as votações, dos eleitos, ou
seja, retirados os 423.061 votos obtidos pelo conjunto dos 24 atuais Distritais.
Partido
|
Eleitos
|
Candidatos
|
Média dos não eleitos
|
PT
|
5
|
33
|
2.855
|
PRP
|
0
|
25
|
1.779
|
DEM
|
2
|
28
|
1.766
|
PSDB
|
1
|
37
|
1.701
|
PTN
|
0
|
11
|
1.510
|
PDT
|
1
|
44
|
1.488
|
PSB
|
1
|
29
|
1.467
|
PMN
|
1
|
34
|
1.456
|
PTdoB
|
1
|
41
|
1.445
|
PPS
|
2
|
18
|
1.393
|
PSL
|
1
|
39
|
1.377
|
PTB
|
1
|
43
|
1.371
|
PHS
|
0
|
43
|
1.251
|
PV
|
0
|
43
|
1.231
|
PSC
|
1
|
44
|
1.212
|
PSOL
|
0
|
21
|
1.211
|
PR
|
1
|
47
|
1.211
|
PMDB
|
2
|
43
|
1.192
|
PCdoB
|
0
|
32
|
843
|
PP
|
1
|
31
|
667
|
PRTB
|
1
|
19
|
504
|
PTC
|
1
|
30
|
485
|
PSTU
|
0
|
2
|
483
|
PRB
|
1
|
11
|
426
|
PSDC
|
0
|
21
|
400
|
24
|
769
|
1.304
|
Comprova-se
que o PRP podia esperar um melhor resultado, sua média tendo sido “rebaixada”
com a pífia performance dos candidatos coligados do PTC (exceto, é claro, a
votação do eleito Agaciel Maia). O PTN de Rodrigo Delmasso também obteve uma
média maior que seu coligado PSL (que elegeu o Dr Michel), mas o pequeno número
de candidatos apresentado sob a bandeira 19 faz aumentar a média justamente com
a votação do candidato oriundo da Sara Nossa Terra. Mesmo sem contabilizar as
votações de seus 5 eleitos, o PT, no entanto, continua com uma média
consideravelmente mais elevada que os outros partidos, comprovando a força de
sua nominata, embalada no discurso de oposição. A situação em 2014 será
inversa.
Ao que tudo indica, e ao
analisar o atual cenário político do DF, a Polícia Militar e o Corpo de
Bombeiros que historicamente sempre tiveram um representante na casa
legislativa corre sério risco de não obterem êxito em ter um representante, já
que existe uma divisão interna muito grande onde cada um procura se ajeitar da
maneira que pode, esquecendo que os ganhos futuros podem beneficiar a coletividade.
É esperar e torcer...
Por
Poliglota com informações do blog do politicadfemnumeros
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