FT: “se Dilma não der um choque de credibilidade, as eleições o farão”

Veja/Estadão/Conteúdo
O jornal Financial Times pede um “choque de credibilidade” no Brasil. Em editorial publicado nesta segunda-feira, a publicação argumenta que se o governo de Dilma Rousseff não mudar de rumo, as eleições presidenciais podem resultar em uma mudança. Segundo a publicação, o Brasil enfrenta três desafios imediatos: o caso Pasadena da Petrobras, o fornecimento de energia elétrica após a recente seca e a chance de protestos e insucesso da Copa do Mundo. ”O país precisa de um choque de credibilidade. Se Dilma não entregá-lo, as eleições presidenciais de outubro o farão.”

O editorial tem um tom duro contra a presidente brasileira, apresentada como “Pobre Dilma Rousseff” no início do texto. Para o Financial Times, a presidente do Brasil projetava “uma aura tediosa da eficiência de Angela Merkel”, mas resulta em um trabalho mais parecido com o dos comediantes Irmãos Marx. ”Os preparativos atrasados para a Copa do Mundo já envergonham o país, enquanto o trabalho para os Jogos Olímpicos de 2016 é classificado como ‘o pior’ que o Comitê Internacional já viu. A economia também está em queda. O Brasil, uma vez que o queridinho do mercado, vê investidores caindo fora”, diz o texto.

Apesar do forte tom duro, a publicação dá um voto de confiança à presidente. “Dilma Rousseff é conhecida por falar em vez de ouvir, mas há sinais de que ela mesma está reconhecendo as críticas”, diz o texto. Cita-se, então, a possível independência maior do Banco Central em um eventual segundo mandato de Dilma e a chance de indicação de Alexandre Tombini para o lugar de Guido Mantega, “o desafortunado ministro da Fazenda”.

Mesmo assim, deixa claro que é difícil saber se Dilma seria a pessoa certa para colocar o Brasil de volta aos trilhos, pois sua primeira administração foi uma “decepção”. Contudo, os “sinais” dados pelo mercado brasileiro de que há uma preocupação generalizada e crescente com a gestão pública está começando, de acordo com o texto, a empurrar o debate político em uma direção favorável aos investidores. ”Isso só pode ser uma coisa boa”, diz o editorial.


(com Estadão Conteúdo)

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