Nunca antes na história deste país se viu um partido no poder que cuspiu
tanto, e de forma tão escancarada, nas regras do jogo.
O Brasil ficou horrorizado com as cenas de barbárie ocorridas em Guarujá
semana passada, quando uma dona de casa foi linchada até a morte após boatos
disseminados pelas redes sociais. Mas há outro linchamento que vem ocorrendo há
anos e também merece nossa atenção, pois tem profundo impacto em nossas vidas:
o das nossas instituições.
É claro que não há causalidade direta entre um e o outro, mas é inegável
que a completa perda de credibilidade do povo em nossas instituições tem
produzido um clima de anomia propício aos “justiceiros” que se julgam acima das
leis. Como a Justiça não só tarda como falha muito, a impunidade gera a
desculpa perfeita àqueles que desejam “fazer justiça com as próprias mãos”. ...
O agravante é justamente que o mau exemplo vem de cima. Espera-se que as
autoridades sejam os maiores ícones do respeito às leis. Mas e quando o próprio
governo é o primeiro a ignorar a Constituição, o império das leis? Que tipo de
mensagem chega ao povo?
Não vou dizer que o PT inventou tudo isso, claro; mas nunca antes na
história deste país se viu um partido no poder que cuspiu tanto, e de forma tão
escancarada, nas regras do jogo. Que outro partido abusa tanto da confusão
entre governo e estado? Que outro partido encara cada instrumento estatal como
um braço partidário?
Exemplos não faltam. O recente discurso da presidente Dilma na véspera
do Dia do Trabalho vem à mente. Diante de uma prerrogativa de Estado para um
comunicado oficial, a presidente usou as redes de televisão e rádio para fazer
uma absurda campanha eleitoral, ainda por cima enganosa. É ridicularizar demais
nossas instituições.
O PT aparelhou toda a máquina pública, infiltrou seus militantes em
estatais, agências reguladoras, chegando até ao STF, corroendo feito cupins os
pilares de nossa frágil democracia. Como cobrar obediência às leis depois? Como
exigir que cada cidadão se coloque sob as mesmas regras se o próprio governo se
julga acima delas?
Mas não é “só” isso. Toda a retórica revolucionária dos petistas sempre
enalteceu criminosos sob o manto da ideologia. Ou, por acaso, os invasores de
terra do MST não praticam crimes em nome da “justiça social”? E o que acontece
em seguida? São recebidos com honra no Palácio do Planalto pela própria
presidente e ganham verbas do BNDES!
Boa parte da esquerda trata bandidos como “vítimas da sociedade”, como
se não houvesse volição, responsabilidade em seus atos, como se uma condição
financeira menos favorável fosse justificativa para roubar e matar inocentes
(visão ofensiva à maioria dos pobres brasileiros, gente trabalhadora e
honesta). Como exigir respeito ao Estado de direito com esse discurso
sensacionalista?
O Brasil sob o PT perdeu suas esperanças num futuro melhor, eis a triste
verdade. Foram anos de muito cinismo, de imoralidade à luz do dia, de
bolivarianismo explícito, de canalhice recompensada. Quando o ex-presidente
Lula beija a mão de “coronel” nordestino dizendo que é uma aula de política,
abraça o Maluf ou afirma que Sarney não pode ser julgado como um homem comum,
qual mensagem transmite ao povo?
Quando petistas do mais alto escalão são julgados e condenados pelo STF,
cuja maioria dos ministros foi escolhida pelo próprio PT, e o partido sai em
defesa dos criminosos presos e ataca o Supremo, qual o recado que passa para o
cidadão? Como demandar aderência às leis em seguida?
O PT, adotando a estratégia marxista, segregou o país em duas classes.
Ou você endossa seu modelo, ou você é um “inimigo da nação”. Divergências e
críticas construtivas? Nem pensar! Imprensa livre apurando e divulgando
escândalos infindáveis? Mídia golpista, tratada como “partido de oposição”. Que
país resiste a esse tipo de divisão, quando o que mais se precisa é justamente
um sentido de união em prol de avanços comuns?
Poucas vezes se viu uma sensação tão derrotista como a atual, com várias
pessoas falando em ir embora do país. Em plena época de Copa, e no Brasil,
nunca se viu tanta indiferença. Há muita revolta, isso sim. Protestos, greves,
centenas de ônibus depredados ou incendiados por vândalos, uma população
cansada da tática do “pão & circo”. Um ambiente fértil para oportunistas de
plantão, baderneiros, agitadores e “salvadores da pátria”.
Nada disso precisa ser assim. Não podemos nos entregar ao fatalismo.
Escrevo essas linhas de Miami, a “América Latina que deu certo”. Aqui, os
mesmos latino-americanos obedecem as leis, respeitam as regras. Por que vamos
mirar no péssimo exemplo venezuelano? Por que não podemos ter algo muito
melhor? O que nos impede?
Rodrigo Constantino é economista e presidente do Instituto Liberal
Fonte: Coluna do RODRIGO CONSTATINO - 13/05/2014
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