Polícia Federal: Governo manobra para agradar a delegados

"É muito estranho que essa MP tenha sido criada na calada da noite, às vésperas do segundo turno e num momento tão delicado como este. Não posso afirmar categoricamente que se trata de uma troca de favores, mas que é muito estranho, isso é". Flávio Werneck,diretor da Federação Nacional os Policiais Federais.

Uma reunião no Congresso em que o governo Dilma Rousseff (PT) seria o alvo de insatisfações da Polícia Federal foi esvaziada ontem. Horas depois de ser baixada uma medida provisória para garantir aos delegados a ocupação de cargos de direção na corporação, acabou sem quórum a audiência em que o presidente da Associação dos Delegados da PF (ADPF), Marcos Leôncio Ribeiro, desfiaria críticas ao tratamento recebido pelos investigadores da Operação Lava-Jato, que apura lavagem de dinheiro e corrupção na Petrobras, um dos temas mais sensíveis nas eleições.

Para integrantes da ADPF ouvidos pelo Correio, a medida atende a categoria, mas foi feita nitidamente para segurar mais uma notícia negativa para a campanha de Dilma a poucos dias das eleições — a exemplo da semana passada, com os depoimentos do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, que acusou PT, PMDB e PP de obterem comissão sobre contratos superfaturados por cartel de empreiteiras na estatal.

O diretor da Federação Nacional dos Policiais Federais (Fenapef), Flávio Werneck, que representa agentes e papiloscopistas, estranhou a ação do governo “na calada da noite”. “É muito estranho que essa MP tenha sido criada na calada da noite, às vésperas do segundo turno e num momento tão delicado como este”, disse. “Não posso afirmar categoricamente que se trata de uma troca de favores, mas que é muito estranho, isso é.” A Fenapef vai tentar derruba a medida provisória, que contraria interesses da categoria.

O governo negou atuação política. O secretário de Assuntos Legislativos do Ministério da Justiça, Gabriel Sampaio, disse que a medida atende a “critérios republicanos que atendem as associações” e que possui os “requisitos do interesse público”. (Eduardo Militão, Naira Trindade e André Shalders)

Voto desfavorável a André Vargas no TSE

A ministra do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) Luciana Lóssio determinou a perda de mandato do deputado federal André Vargas (sem partido-PR), atendendo a pedido feito pelo PT à Corte sob argumento de que ele feriu o princípio da fidelidade partidária. Vargas deixou a legenda em abril, após denúncias de envolvimento com o doleiro Alberto Youssef. Depois de Luciana anunciar o voto, o ministro Gilmar Mendes pediu vista e interrompeu o julgamento. 

"É muito estranho que essa MP tenha sido criada na calada da noite, às vésperas do segundo turno e num momento tão delicado como este. Não posso afirmar categoricamente que se trata de uma troca de favores, mas que é muito estranho, isso é"
Flávio Werneck,diretor da Federação Nacional os Policiais Federais


Fonte: Correio Braziliense. Foto: Paula Rafiza/Esp. CB/D.A Press - 8/4/14

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