Proposta
de Rodrigo Rollemberg para eleição direta nas administrações tem sido criticada
por cientistas políticos
O
governador eleito no Distrito Federal, Rodrigo Rollemberg (PSB), tinha como uma
de suas principais bandeiras de campanha a eleição direta para as administrações
regionais. Se levar a ideia adiante, o novo governo poderá enfrentar
dificuldades.
Por
isso, especialistas apostam que a proposta não deve sair do papel...
Para
o cientista político Flávio Testa, a ideia é “muito ruim”, já que as regiões
administrativas do DF não recebem orçamento.
—
Você não pode ter alguém com mandato sem orçamento. No que você vai basear suas
propostas se você não tem orçamento? Não tem autonomia para definir aonde você
vai gastar? A grande questão é a seguinte: você elege, mas vai continuar
dependendo muito mais do governo que das pessoas [eleitas]. Ele [o
administrador eleito] depende do que o governador determinar.
O
especialista acredita que Rodrigo Rollemberg tem boa intenção, mas que sua
proposta criará uma “falsa sensação” para os eleitores, já que eles passarão a
acreditar que têm poder de controlar as melhorias de sua cidade por meio da
eleição dos administradores, quando, na verdade, o administrador eleito não
terá autonomia suficiente para isso.
—
[O administrador] vai dever uma resposta ao governo, porque é o governo que tem
o dinheiro. Existe uma regra que diz: quem tem o dinheiro manda. Os
administradores só seguirão as orientações de quem tem orçamento. Não existe
autonomia política sem orçamento no modelo que o Rodrigo [Rollemberg] criou.
Rollemberg
defende concurso e eleição nas administrações do DF.
Crítico
da proposta, Flávio Testa teme que o caos no governo possa ser ainda maior,
caso seja eleita uma pessoa "incompetente" ou que faça oposição ao
governo de Rodrigo Rollemberg.
—
Mesmo que o Rodrigo alegue que terá relação republicana, o administrador pode
passar a fazer campanha contra ele para sair como candidato a governador
depois. Como ele não tem autonomia, não tem responsabilidade. Pode dizer: não
fiz porque o governador não me deu dinheiro. Isso vai criar um fuzuê político.
Rollemberg terá mais problema para administrar isso que os problemas da cidade.
A intenção é nobre, conferir mais democracia, mas a execução é difícil. É o
tipo de problema que não precisa criar para ele agora, não tem sustentação
política.
Em
contato com o R7 DF, o jornalista Hélio Doyle, coordenador-geral da equipe de
transição de Rodrigo Rollemberg, e porta-voz do futuro governador diz que a
proposta de eleger os administradores pelo voto ainda será discutida com as
comunidades, com a sociedade civil e com a Câmara Legislativa.
—
Não há fórmula pronta. O modelo será construído no debate. O limite é a
Constituição.
Doyle
disse ainda que Rodrigo Rollemberg não teme a possibilidade de que seja eleito
alguém da oposição como administrador regional do DF. Para ele, isso faz parte
do processo democrático.
—
Se você acredita em um processo democrático, tem que estar preparado para
ganhar e perder.
Fonte:
Portal R7. Por MYRCIA HESSEN. Foto: Internet
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