Duas fotos, apenas uma medida e uma lista

Nem cabe mais discutir a aliança partidária que foi sendo construindo ao longo da campanha do hoje governador Rodrigo Rollemberg. A eleição já passou, é página virada. Mas é impossível não resgatar o momento em que o então candidato, sem muitas chances de vitória no começo de sua campanha, recebeu total apoio de alguns partidos de peso, entre eles o PDT e o PSD, que lhe cedeu o vice em sua chapa, o jovem Renato Santana.

Desafio a qualquer pessoa que acompanhou, mesmo que com pouca atenção, a campanha eleitoral no DF no ano passado, a negar que na maioria das fotos do então candidato Rollemberg estavam ao seu lado, hipotecando total apoio os hoje vice governador Renato Santana e o deputado federal Rogério Rosso. Era natural, isso na política é o que chamamos de “companheiros de primeira hora”. Chegam quando as propostas, as ideias, e os sonhos estão sendo formatados para que tenha inicio “a caminhada” e dessa construção participam ativamente. Somam. Como as campanhas eleitorais tem início, meio e fim. Neste temos a vitoria de um e a derrota de outros, é natural também.
"Os amigos de primeira hora"
O que não é natural, portanto incompreensível, é que “os companheiros de primeira hora”, sejam esquecidos após a chegada “ao olimpo”. Daí, surgem os comentários do tipo “ué, serviam apenas para carregar o piano, mas não servem para participar do baile?”. “Mais não eram aliados? Ou era só para ganhar eleição? Quem enganou e traiu quem?”. “Não diziam no horário eleitoral que, juntos, tinham propostas maravilhosas para o nosso DF e o Entorno? Era tudo mentira, então?”.
Boa parte dos políticos que se acham profissionais, lamentavelmente ignoram que o eleitor está atento a tudo isso. Fazem manobras, articulações e tudo mais o que for necessário e possível fazer para vencer a eleição, apostando no “depois da eleição e chegando ao poder, a gente vê como isso fica, daremos um jeito nisso tudo”. Ledo engano! Como dizia o engenheiro Leonel Brizola.
Digo isso após verificar as ações desastradas e as inúmeras derrotas que geram uma somatória sem fim no índices de impopularidade (acima do aceitável mesmo para o início de qualquer governo) que vem colhendo o governo de Rodrigo Rollemberg nesses quase dois meses. Fui atrás de tentar compreender, pois para tudo na vida existe explicação. Para o que não existe, explicado está.
Basta comparar as fotos de campanha citadas no início deste texto, com as do governador Rollemberg e observar quem o cerca. Quem forma a sua “corte”. Quem, de fato o auxilia e influencia nas decisões. Qual é, sem dúvida alguma, a cara do seu governo. Somaram eleitoralmente? Tinham quantos votos além dos próprios? Agregaram em que? “Correram os quatro cantos” do DF e Entorno cabalando votos?
"A cara do governo"
O desastrado governo anterior, de Agnelo Queiroz, teve uma grande virtude. O vice governador Tadeu Filipelli participava ativamente da gestão. Comandou as reformas no sistema viário do DF. Diversas obras importantes estavam sob o seu crivo. Comentava-se até que “a parte do governo de Agnelo que funciona é que fica à cargo do Filipelli”. Sem falar que volta e meia ele ia aos veículos de comunicação falar em nome do governo que ele ajudou eleger, com o seu partido, o seu prestígio e a sua capacidade.
Nem vou falar das demais legendas, mas não vi uma vez sequer o atual vice governador ser designado para se pronunciar ou participar de qualquer decisão pública em nome do governo que ele ajudou eleger. Imaginem, então, os demais aliados.
Senhor Governador, os de ocasião não são e jamais serão aliados. Nem na Grécia Antiga e muito menos aqui. São adesistas. São importantes, sim. Mas não passarão jamais disso, quando tudo isso passar.
EM TEMPO: acrescente-se à lista dos aliados acima citados, todos os demais que se sentem abandonados e/ou enganados pelo hoje governador. Inclusive os seus eleitores que acreditaram nas promessas de transparência, eleição para administradores, administrador regional morador na comunidade, melhorias salariais, uma saúde pública digna, não tributação dos medicamentos e redução de preço dos mesmos, governar com aliados, o não “fatiamento” do governo pelos deputados distritais, regularização dos condomínios, pagamento digno e em dia dos servidores, gente capacitada à frente dos órgãos públicos e a continuidade das famosas rodas de conversa (estas hoje apelidadas de “rodas de conversa fiada”).
Para que fique claro que nada tenho contra o Senhor Governador, e que desejo, de coração, que ele encontre o quanto antes o eixo do seu governo, encerro deixando à Sua Excelência, a letra da bela canção A Lista, do genial Oswaldo Montenegro:
Faça uma lista de grandes amigos
Quem você mais via há dez anos atrás
Quantos você ainda vê todo dia
Quantos você já não encontra mais
Faça uma lista dos sonhos que tinha
Quantos você desistiu de sonhar!

Quantos amores jurados pra sempre
Quantos você conseguiu preservar
Onde você ainda se reconhece
Na foto passada ou no espelho de agora
Hoje é do jeito que achou que seria?

Quantos amigos você jogou fora
Quantos mistérios que você sondava
Quantos você conseguiu entender
Quantos segredos que você guardava
Hoje são bobos ninguém quer saber
Quantas mentiras você condenava
Quantas você teve que cometer

Quantos defeitos sanados com o tempo
Eram o melhor que havia em você
Quantas canções que você não cantava
Hoje assovia pra sobreviver
Quantas pessoas que você amava
Hoje acredita que amam você
Faça uma lista de grandes amigos

Quem você mais via há dez anos atrás
Quantos você ainda vê todo dia
Quantos você já não encontra mais
Quantos segredos que você guardava
Hoje são bobos ninguém quer saber
Quantas pessoas que você amava
Hoje acredita que amam você
Posted By Francisco Paula on 22 de fevereiro de 2015

Comentários