Segundo Carlos Fadigas,
ex-executivo da construtora, os quatro políticos foram alguns dos beneficiados
com propina de R$ 6 milhões a favor de medida provisória sobre o setor do
etanol.
O ex-executivo da
Odebrecht Carlos Fadigas afirmou no depoimento
de delação premiada que a construtora pagou propina, em troca da
aprovação de uma medida provisória, para os senadores Romero Jucá (PMDB-RR),
Eunício Oliveira (PMDB-CE), e para os deputados Rodrigo Maia (DEM-RJ) e Lúcio
Vieira Lima (PMDB-BA). (Veja acima a partir dos 19 minutos e 45 segundos do
vídeo).
A assessoria de Maia disse
que, segundo o deputado e presidente da Câmara, "são falsas as citações
dos delatores" (veja íntegra abaixo). O G1 tentou contato com a
assessoria de Eunício, que é presidente do Senado, mas não conseguiu resposta
até a última atualização desta reportagem. Também não conseguiu falar com a
assessoria de Jucá. A assessoria do PMDB da Bahia, que trabalha para Vieira
Lima, disse que está procurando o deputado para comentar as denúncias.
O depoimento de Borba faz
parte dos mais de mil arquivos de vídeos com as delações premiadas de
ex-executivos da Odebrecht. Os depoimentos se tornaram públicos na semana
passada, quando também saiu a
lista do ministro Édson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), com
pedidos de inquéritos para investigar os políticos citados.
A MP a que se refere Borba
é de 2013 e tratou de incentivos tributários a produtores de etanol e à
indústria quimica.
"E aí agora,
portanto, com a medida provisória dentro do Congresso Nacional para ser
aprovada, depois da edição dela, houve uma mobilização pela aprovação dessa
medida provisória. Ela atendia ao interesse de mais de uma empresa do grupo,
motivo pelo qual o Marcelo Odebrecht [herdeiro da companhia], o Cláudio Melo se
envolveram, além de vários outros executivos que se envolveram de formas
diferentes", afirmou Fadigas.
Ele disse que, após a
aprovação do texto, foi procurado pelo colega Cláudio Melo para tratar sobre o
pagamento aos políticos que, após contato da empresa, atuaram em favor da MP.
"Na sequência disso,
o Cláudio procurou a mim e ao Marcelo e relatou necessidade de liberação de
recurso de R$ 6 milhões para parlamentares que tinham atuado na aprovação dessa
medida provisória", completou o delator.
Ele disse que não se
lembra de todos os políticos que receberam os valores. Aos investigadores,
citou que tinha certeza dos nomes de Jucá, Maia, Eunício e Vieira Lima. Fadigas
afirmou ainda que sabia apenas do valor recebido por Maia. Segundo ele, foi de
R$ 100 mil.
Pedido
de Emílio a Lula
Um dos donos da Odebrecht
e também delator da Lava Jato, Emílio Odebrecht contou ao Ministério Público
que pediu ajuda ao ex-presidente Lula para conseguir a aprovação de medidas
provisórias relacionadas ao Refis da Crise – programa de recuperação fiscal que
consiste no parcelamento de débitos de empresas.
Emílio
Odebrecht fala de conversa com Lula sobre o MP
Segundo Emílio, foi seu
filho Marcelo que pediu que ele falasse com Lula, porque o ex-ministro da
Fazenda Guido Mantega estaria "dificultando". "Eu fui ao Lula e
incluí este item na minha agenda, pedindo a ele que procurasse verificar por
que o Guido tava botando dificuldades pra resolver o assunto", disse na
delação. "Presidente, por favor verifique o que que é preciso ser dado de
força para que o Guido possa deslanchar e resolver esse assunto. Essa foi a
essência do pedido", completou. (Clique
e assista o vídeo)
Sem especificar uma data,
o empresário afirmou que o pedido foi feito "em 2009, 2010", e que as
MPs eram importantes "pras finanças da Braskem" e para outros setores
da economia. "Ele ouviu e disse: 'vou falar com o Guido pra verificar e
qualquer coisa eu lhe falo'", disse Emílio sobre a resposta de Lula.
Depois, Emílio disse que
teve a informação, parte de Marcelo, "de que o Guido deu sequência"
[no trâmite das MPs].
Mantega
está na lista do ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no Supremo
Tribunal Federal, que autorizou a investigação de 8 ministros, 3 governadores, 24 senadores e 39 deputados.
Em nota, a defesa do
ex-presidente disse que "delações são declarações unilaterais emitidas por
pessoas que negociam a liberdade ou benefícios processuais com os
acusadores" e que "não provam nada". O texto afirma ainda que
Lula "não praticou nenhum ato ilícito antes, durante ou depois de exercer
o cargo de Presidente da República". "Por isso, depois de ter sido
submetido a diversas e ilegais medidas invasivas, nenhuma prova foi encontrada
que possa indicar a prática de um ato ilícito." (Veja íntegra da nota
abaixo)
A defesa de Mantega disse
que ainda não conhece os motivos para abertura do inquérito e que só vai se
pronunciar quando tiver acesso ao teor da denúncia.
Veja
a íntegra da resposta de Rodrigo Maia:
"Todas
as doações que recebi foram solicitadas dentro da legislação, contabilizadas e
declaradas à Justiça, em cumprimento à lei eleitoral. O processo vai comprovar
que são falsas as citações dos delatores. Eu confio na Justiça, no Ministério
Público e na Polícia Federal, e estou seguro que os fatos serão esclarecidos, e
os inquéritos, arquivados."
Veja
íntegra da nota da defesa do ex-presidente Lula:
"Delações
são declarações unilaterais emitidas por pessoas que negociam a liberdade ou
benefícios processuais com os acusadores. Não provam nada. Lula, como
Presidente da República democraticamente eleito em duas oportunidades, sempre
agiu em prol do interesse público, jamais em favor de interesses específicos de
qualquer empresa ou empresário.
O
ex-Presidente não praticou nenhum ato ilícito antes, durante ou depois de
exercer o cargo de Presidente da República e por isso, depois de ter sido
submetido a diversas e ilegais medidas invasivas, nenhuma prova foi encontrada
que possa indicar a pratica de um ato ilícito."
Fonte: G1.com
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